repasso texto interessante.
SOBRE o TRANSPORTE PÚBLICO em SÃO PAULO
SOBRE o TRANSPORTE PÚBLICO em SÃO PAULO
De
um tempo para cá se percebe muitas rebeliões dos trabalhadores contra as
direções burocráticas de sindicatos. Exemplos bem marcantes estão aos montes,
como, por exemplo, na greve dos garis no Rio de Janeiro no começo de 2014. Nesta, os trabalhadores não aceitaram o acordão burocrático da direção do
sindicato SEEACMRJ com o governo do Rio de Janeiro e fizeram uma greve à
revelia da direção burocrática do sindicato, realizando grandes mobilizações e
conquistando um aumento histórico para a categoria.
Outro
exemplo representativo de rebeliões dos trabalhadores contra as direções
burocráticas de sindicatos, ocorreram durante o mês de Maio de 2014, nas greves
dos motoristas de ônibus de São Paulo. Os trabalhadores não aceitaram o acordão
burocrático da direção do sindicato SINDMOTORISTA e fizeram uma greve com
paralisações durante uma semana do mês de Maio de 2014.
O Sindicato dos Motoristas de Transportes de São Paulo é um dos
sindicatos mais antigos do Brasil, sendo criado em 1933, sendo reprimido e
perseguido em diversos momentos da história política brasileira e encabeçando
inúmeras lutas para a categoria, principalmente durante a década de 1980 e o
início da década de 1990. São para serem lembradas com carinho as famosas
“Comissões de Garagem”, garantindo o debate político, o atendimento das
demandas da categoria e a democracia no sindicato.
Entretanto,
desde a metade da década de 1990, o SINDMOTORISTA tem sido um sindicato pelego e
realizando inúmeros acordos com os governos e empresas do meio de transporte.
Com o enfraquecimento político do PT e da CUT, infelizmente, abriu-se espaço
para a entrada de inúmeros grupos dentro do sindicato que deixam de lado muitas das
bandeiras de defesa da categoria. Segundo investigações
do Ministério Público, a disputa pelo poder no sindicato causou a morte de ao
menos 16 pessoas em 20 anos.
Esta
burocratização do SINDMOTORISTA
foi um alento para a burguesia. Os patrões
necessitam de direções burocratizadas nos sindicatos para reprimir
trabalhadores, frear mobilizações e aumentar a sua espoliação em cima do
trabalhador.
A
conjuntura das mobilizações atuais dos motoristas expressa um conflito muito
grande. Os empresários do transporte querem aumentar o seu lucro e buscam isso
de três maneiras: aumentando o preço da passagem, arrancando mais vernas dos
governos estadual ou municipal e precarizando a situação do seu empregado.
As
empresas do transporte não conseguiram aumentar o preço da passagem dos ônibus
em São Paulo no ano de 2013, sendo o estopim para as mobilizações das Jornadas
de Junho de 2013, que impediram o aumento da passagem e reivindicou inúmeras
melhorias em serviços públicos em todo o Brasil. Com o medo das mobilizações e
por termos um ano eleitoral em 2014, as empresas não cogitaram nada à respeito.
As
empresas pressionam os governos estadual ou municipal para receberem mais
verbas ou incentivos fiscais, mas, encontramos uma negativa nos governos, que
estão “quebrados” e sem verba para repassar pela conjuntura política atual
(pois gastaram muitas verbas para a Copa do Mundo de 2014, gastarão muita verba
para as eleições 2014 e o LRF impede uma mudança na política de investimentos
no orçamento).
Por
fim, as empresas buscarão aumentar seu lucro arrochando a situação do seu
empregado, demitindo funcionários, tirando direitos dos trabalhadores,
aumentando a terceirização e os contratos temporários, aumentando o recebimento
do trabalho por metas, etc.
Esta
terceira medida é totalmente impopular entre os trabalhadores e seria algo
muito sério para a direção do sindicato cobrar das empresas e dos governos.
Entretanto, a direção do sindicato faz acordos com o patronato e não atende a
necessidade dos trabalhadores.
O
estopim disto tudo foi a greve realizada no mês de Maio de 2014, pois os
trabalhadores não aceitam ser explorados pelos patrões e não aceitam ser
traídos pela direção burocrática do sindicato.
A
imprensa burguesa e o prefeito Haddad despolitizam a greve e tentam criar a
imagem de que as mobilizações da categoria foram resultado de “disputa política
interna no sindicato”. É inegável que exista esta disputa no sindicato, muitas
vezes oportunista e sectária por parte da oposição (onde muitos são criminosos,
tal qual a atual direção). Entretanto, não dá para negar a insatisfação das
bases, o grito da categoria por melhorias nas condições de trabalho e
valorização no trabalho. Não podemos aceitar a criminalização do movimento
político dos motoristas em greve!
A
saída para esta situação só poderá ocorrer com a saída da direção pelega e
traidora do sindicato e uma ação decisiva por parte dos governos estadual e
municipal. É necessário que se faça uma estatização das empresas do transporte
público em São Paulo, transformando os seus funcionários em funcionários
públicos. É necessário que o governo estadual de São Paulo reestatize a EMTU! É
necessário que o governo municipal recrie a CMTC!
A
luta dos motoristas e cobradores de São Paulo deve ser articulada com as lutas
dos metroviários por melhorias nas condições de trabalho e valorização
profissional e da juventude por “passe livre” e tarifa zero no transporte
público.
É
necessário que se crie um “Fórum de Luta pela Estatização do Transporte na
Grande São Paulo”, que deve ter a presença da juventude que luta por passe livre,
metroviários e motoristas e cobradores de ônibus. (municipais e
intermunicipais).
Isto
somente será atingida com a estatização do transporte público, o aumento do
investimento no
transporte público e a valorização profissional dos motoristas e cobradores de
ônibus!
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