Feito conjuntamente com Marcos Roberto Soares Monteiro e Michele Tomeo Pacheco.
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RESENHA LIVRO: ENSAIO SOBRE a CEGUEIRA
“Pouco importa
venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios provam apenas que a vida prossegue e nem todos se libertaram ainda. Alguns, achando bárbaro o espetáculo, prefeririam (os delicados) morrer. Chegou um tempo em que não adianta morrer. Chegou um tempo em que a vida é uma ordem. A vida apenas, sem mistificação.”
O processo de “desumanisação” nas relações sociais é abordado por Saramago também é perceptível no documentário Cronicamente Inviável, no qual é retratada a contradição social nas situações cotidianas, identificada no desfile de carnaval ou no tráfico de órgãos.
No livro podemos ver que o “Ter” tornou-se uma palavra de ordem na composição das relações humanas, as quais contribuíram num dado momento para o distanciamento e a “simplificação” dos sentimentos.
Os elementos contidos nesse nos permitem fazer uma leitura dos sentimentos de amor e afeto que são comercializados e reduzidos na sociedade capitalista, que busca unicamente a reprodução do capital e não de uma ampliação do potencial humano. Visto dialeticamente, o caos é pressuposto e necessidade produtiva de nossa sociedade que se materializa em fenômenos ou em ações sociais.
Entendemos que o urbano é uma pré-condição e também uma materialização das relações produtivas capitalistas, por se expressar no “modo de vida” dos sujeitos. O livro pode ser compreendido como uma metáfora de como o urbano e os signos da modernidade podem ser cruéis e alienantes.
A “desumanização” dos indivíduos na sociedade pode ser visto na letra de música a seguir:
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios provam apenas que a vida prossegue e nem todos se libertaram ainda. Alguns, achando bárbaro o espetáculo, prefeririam (os delicados) morrer. Chegou um tempo em que não adianta morrer. Chegou um tempo em que a vida é uma ordem. A vida apenas, sem mistificação.”
(DRUMMOND, 1993: 159.).
O presente trabalho destina-se a fazer alguns apontamentos sobre a obra Ensaio Sobre a Cegueira de José Saramago, que nos permite visualizar logo de início a condição humana na sociedade contemporânea. Esta é composta essencialmente por relações sociais desiguais, que contribuem decisivamente na miséria social, política e econômicas, além de manter e reproduzir o status quo.
Este brilhante “livro de
ficção” publicado inicialmente em 1995, retrata a cegueira social que se
expressa nas relações pessoais dos indivíduos em uma sociedade estruturada na
opressão e na desigualdade social. Estamos constantemente suscetíveis a uma
“cegueira branca” pelas relações sociais banalizadas e fetichizadas expressadas
nas questões cotidianas, podendo usar como exemplo o incidente ocorrido em
Brasília no ano de 1996, onde jovens de classe média atearam fogo em um índio
sem-teto somente por “diversão”.O processo de “desumanisação” nas relações sociais é abordado por Saramago também é perceptível no documentário Cronicamente Inviável, no qual é retratada a contradição social nas situações cotidianas, identificada no desfile de carnaval ou no tráfico de órgãos.
No livro podemos ver que o “Ter” tornou-se uma palavra de ordem na composição das relações humanas, as quais contribuíram num dado momento para o distanciamento e a “simplificação” dos sentimentos.
Os elementos contidos nesse nos permitem fazer uma leitura dos sentimentos de amor e afeto que são comercializados e reduzidos na sociedade capitalista, que busca unicamente a reprodução do capital e não de uma ampliação do potencial humano. Visto dialeticamente, o caos é pressuposto e necessidade produtiva de nossa sociedade que se materializa em fenômenos ou em ações sociais.
Entendemos que o urbano é uma pré-condição e também uma materialização das relações produtivas capitalistas, por se expressar no “modo de vida” dos sujeitos. O livro pode ser compreendido como uma metáfora de como o urbano e os signos da modernidade podem ser cruéis e alienantes.
A “desumanização” dos indivíduos na sociedade pode ser visto na letra de música a seguir:
“Olá, como vai?
Eu vou indo e você, tudo bem?
Tudo bem, eu vou indo, correndo
Pegar meu lugar no futuro, e você?
Tudo bem, eu vou indo em busca
De um sono tranqüilo, quem sabe?
Quanto tempo...
Pois é, quanto tempo...
Me perdoe a pressa
É a alma dos nossos negócios...
Qual, não tem de que
Eu também só ando a cem
Quando é que você telefona?
Precisamos nos ver por aí
Pra semana, prometo, talvez nos vejamos
Quem sabe?
Quanto tempo...
Pois é, quanto tempo...
Tanto coisa que eu tinha a dizer
Mas eu sumi na poeira das ruas
Eu também tenho algo a dizer
Mas me foge a lembrança
Por favor, telefone, eu preciso
Beber alguma coisa rapidamente
Pra semana...
O sinal...
Eu procuro você...
Vai abrir!!! Vai abrir!!!
Eu prometo, não esqueço, não esqueço
Por favor, não esqueça
Adeus... Adeus...”
(Paulinho da Viola, 1970.).
Este samba de Paulinho da Viola retrata a superficialidade das relações sociais de nossa sociedade que inevitavelmente impede que haja uma reprodução de relações afetivas ou de vivências menos rápidas em detrimento da rapidez nas atitudes ou nas conversas.
Ironicamente este livro começa com um personagem perdendo a visão no seu carro esperando o semáforo (ou sinal para os cariocas como Paulinho da Viola) se abrir. Interessante ressaltar que nenhum personagem possui nome, o que é entendido como uma parábola da modernidade onde somos apenas mais um inserido no mercado consumidor e nas atividades produtivas capitalistas.
As situações descritas por Saramago nada mais são
do que uma crítica sobre o simulacro social vivenciada pela sociedade “moderna”
ou urbana, as quais são digeridas de forma superficiais e desiguais, com uma
tentativa de auto-superações do tempo pelos indivíduos favorecendo a expansão
da “Cegueira Branca” ou uma fragilização do indivíduo, conforme nos relata o
autor:Ironicamente este livro começa com um personagem perdendo a visão no seu carro esperando o semáforo (ou sinal para os cariocas como Paulinho da Viola) se abrir. Interessante ressaltar que nenhum personagem possui nome, o que é entendido como uma parábola da modernidade onde somos apenas mais um inserido no mercado consumidor e nas atividades produtivas capitalistas.
“Passada uma semana, os cegos malvados mandaram recado de que queriam mulheres. Assim, simplesmente, Tragam-nos mulheres. Esta inesperada, ainda que não de todo insólita, exigência causou a indignação que é fácil imaginar, os aturdidos emissários que vieram com a ordem votaram logo lá para comunicar que as camaratas, as três da direita e as duas da esquerda, sem excepção dos cegos e cegas que dormiam no chão, haviam decidido, por unanimidade, não atacar a degradante imposição, objectando que não se podia rebaixar a esse ponto a dignidade humana, neste caso feminina, e que se na terceira camarata lado esquerdo não havia mulheres, a responsabilidade, se a havia, não lhes poderia ser assacada. A resposta foi curta e seca, Senão nos trouxerem mulheres, não comem. Humilhados, os emissários regressaram às camaratas com a ordem, Ou vão lá, ou não nos dão de comer. As mulheres sozinhas, as que não tinham parceiro, ou não tinham fixo, protestaram imediatamente, não estavam dispostas a pagar a comida dos homens das outras com o que tinham entre pernas, uma delas teve o mesmo atrevimento de dizer, esquecendo o respeito que devia ao seu sexo, Eu sou muito senhora de lá ir, mas o que ganhar é para mim, e se me apetecer fico a viver com eles, assim tenho cama e mesa garantida. Por estas inequívocas palavras o disse, mas não passou aos actos subsequentes, lembrou-se a tempo do mau bocado que iria ser se tivesse de agüentar sozinha o furor erótico de vinte machos desenfreados que, pela urgência, pareciam estar cegos de cio. Porém, esta declaração, assim levianamente proferida na segunda camarata lado direito, não caiu em cesto roto, um dos emissários, com particular sentido de ocasião, deitou-lhe logo a mão para propor que se apresentassem voluntárias ao serviço, tendo em conta que o que se faz de moto próprio custa em geral menos do que o que tem de fazer-se por obrigação.”
(SARAMAGO, 2000: 165.).
A seguinte passagem nos dá margem para fazer uma breve leitura da sociedade contemporânea onde os sentimentos são abstraídos e o contato com o outro cada vez mais é reduzido, ora pelo medo, ora pela violência das ruas, ora pelo estresse ocasionado pela poluição sonora, visual ou pelo ritmo incessante do dia-à-dia dos grandes centros comerciais, tais como São Paulo, Rio de Janeiro ou Nova Iorque.
Isso nos coloca frente na possibilidade de analisar os valores éticos e morais que estão sofrendo vicissitudes no processo de expansão das metrópoles, que por sua vez favorecem o crescimento de atitudes individualistas, como no isolamento social, possibilitando também o surgimento de “doenças” consideradas “modernas”, tais como a Síndrome de Pânico, Fobia Social entre outras. A seguinte passagem nos permite reforçar o resultado deste processo social:
“Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.”
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.”
(DRUMMOND, 1993: 159.).
Todavia nota-se um distanciamento do outro provocado tanto pelo medo e a insegurança, quanto pela falta de afeto numa vida que perdeu o sentido de ser e de existir, numa sociedade onde os sentimentos são tratados de maneiras descartáveis numa briga individualista pelo consumo.
O poema “Os Ombros Suportam o Mundo” de Carlos Drummond de Andrade também esboça as idéias contidas no romance: “Ensaio Sobre a Cegueira”, em relação aos sentimentos de angústia e medo que são visíveis nas grandes metrópoles.
Os sentimentos como angústia, medo e tensão refletem na situação de algumas nações, tais como o Argentina onde o Estado perdeu o controle da situação político-econômica que deu margem para expansão e vulgarização da violência presente nas interações cotidianas, levando a sociedade a uma verdadeira “cegueira branca”, praticamente uma guerra civil. Situação semelhante ocorre atualmente na cidade estadunidense de Nova Orleans, onde transpareceu a animalidade e o individualismo humano depois da passagem do furacão Catrina. O bojo desta situação pode ser evidenciado na música a seguir:
“O movimento começou, o lixo fede nas calçadas.
Todo mundo circulando, as avenidas congestionadas.
O dia terminou, a violência continua.
Todo mundo provocando todo mundo nas ruas.
A violência está em todo lugar.
Não é por causa do álcool,
Nem por causa das drogas.
A violência é nossa vizinha,
Não é só por culpa sua,
Nem é só por culpa minha.
Violência gera violência.
Violência doméstica, violência cotidiana,
São gemidos de dor, todo mundo se engana...
Você não tem o que fazer, saia pra rua,
Pra quebrar minha cabeça ou pra que quebrem a sua.
Violência gera violência.
Com os amigos que eu tenho não preciso inimigos.
Aí fora ninguém fala comigo.
Será que tudo está podre, será que todos estão vazios?
Não existe razão, existe motivos.
Não adianta suplicar porque ninguém responde,
Não adianta implorar, todo mundo se esconde.
É difícil acreditar que somos nós os culpados,
É mais fácil culpar deus ou então o diabo.”
(TITÃS, 1987.).
A passagem mencionada situa-se no contexto sociopolitico contemporâneo, de uma fragmentação dos sentimentos, tais como o amor ou companheirismo. Ainda assim, os questionamentos apresentados nos dão a possibilidade de elucubrar, sobretudo, a respeito da violência contida em cada indivíduo, que pode ser extravasada num dado momento, ora no serviço através do ritmo incessante da linha de produção, ora na falta de tolerância com a diferença ou a dificuldade.
Podemos ver durante o livro a complexidade do viver da humanidade, que luta incessantemente pela sobrevivência, tentando superar a fome no sentido amplo da palavra. O medo ou o desconhecimento são instrumentos mantenedores da ausência do diálogo, ainda mais no sistema capitalista, em que o homem é apenas um número no mercado consumidor.
Em contrapartida aos avanços tecnológicos temos uma sociedade extremamente sectária que vive num eterno dilema entre a racionalização da informação e a necessidade de saber ouvir o outro. Os sentimentos como o afeto, atenção e respeito pelo próximo foram perdendo o sentido ao longo da história da humanidade, conforme pode verificado na seguinte passagem:
“Se há remédio para isto, precisamos ambos dele, Recordou-me de o senhor doutor me ter dito que depois de operado nem iria reconhecer o mundo em que vivia, nesta altura sabemos quanta razão tinha, Quando foi que cegou, Ontem à noite, E já o trouxeram, O medo lá fora é tal que não tarda que comecem a matar as pessoas quando perceberem que elas cegaram, Aqui já liquidaram dez, disse uma voz de homem, Encontre-os, respondeu o velho da venda preta simplesmente, Eram de outra camarata, os nossos, enterrámo-los logo, acrescentou a mesma voz, como se terminasse um relatório. A rapariga dos óculos escuros tinha-se aproximado, Lembra-se de mim, levava uns óculos escuros postos, Lembro-me bem, apesar da minha catarata lembro-me que era muito bonita, a rapariga sorriu, Obrigada, disse, e voltou para o seu lugar. Disse de lá, Está aqui também aquele menino, Quero a minha mãe, disse a voz do rapazito, como cansada de um choro um choro remoto e inútil. E eu sou o primeiro que cegou, disse o primeiro cego, estou com a minha mulher, E eu sou a empregada do consultório.” (SARAMAGO, 2000: 120.).
É interessante como esta “cegueira social” se expande nas relações sociais dos personagens, com os cegos gradualmente perdendo a humanidade. Foi deprimente perceber os atos realizados pelos dirigentes do Estado capitalista ou seus funcionários (como os guardas) com os cegos, que se importavam somente com a manutenção da “ordem” e com a não interferência nas relações produtivas.
Além dos guardas terem fuzilado muitos cegos indefesos, os dirigentes do Estado tiveram a infeliz idéia de utilizar um manicômio de abrigo para os cegos, transformando o local em um “depósito” de inválidos e de “perigosos” sujeitos. Isto se assemelhou com as ações “higienistas” que o governo nazista de Adolf Hitler realizou com a população alemã (especialmente os judeus e comunistas) nos anos 30 e 40 do século passado, as quais podem ser identificadas no filme: Arquitetura da Destruição.
Os fatores descritos também nos favorecem ter uma abordagem ampla que nos possibilita visualizar como as interações sociais são resultantes das relações produtivas e materiais de um grupo social. A situação de cegueira aliada com uma impossibilidade material e do ambiente vivido nos permite verificar como a sociedade capitalista e as relações sociais individualistas são cruéis com os indivíduos que não tem em momento algum respeitado suas individualidades.
É importante destacar a difícil situação vivenciada pela mulher do oftalmologista, pois podia enxergar todas as arbitrariedades realizadas pela sociedade e todo processo de decadência da humanidade dos cegos. Ela estava numa sinuca de bico, pois tinha a responsabilidade de enxergar por todos e vivia constantemente com pena e raiva dos cegos (os internos e os dirigentes do governo) e com um forte remorso de sua situação “vantajosa” perante os demais.
Diante das questões mencionadas podemos também identificar como o conhecimento se fragmenta e se vulgariza. Num dado momento passa a atender uma parcela reduzida da sociedade mundial, como nas questões referentes à manipulação e a sonegação do conhecimento, tais como na biopirataria (realização de patentes pela Monsanto) ou na fragmentação do saber pelo cartesianismo.
A leitura deste livro somente reforça a importância da utilização da arte para as análises científicas, pois além de situar o imaginário do escritor, localiza as preocupações e vivências dos indivíduos nesta sociedade, que impõe constantemente aos “cidadãos” um bojo de ações e papéis sociais através das superestruturas e aparatos repressores e ideológicos. A realidade e seus sujeitos são entendidos dialeticamente como sendo objetiva e subjetiva, sendo resultados das necessidades produtivas e sociais.
Buscamos passar longe de niilismos ou estar abarcado numa perspectiva comodista do ser humano e da realidade, pois entendemos ser necessária a existência de uma perspectiva de mudança completa da realidade das coisas, ou seja, acreditar que um sistema baseado na exclusão e diferenciação de classes, tal qual o capitalista, tenha de ser combatido e derrotado.
Como muito bem é mostrado no livro de Saramago, jamais devemos “dar uma face humana” ao capitalismo, pois este é desumano em sua essência. Também temos de visualizar que é muito problemático pensar que devemos transformar o que é “possível”, pois isto pode beirar o reformismo. Após o fechamento dos olhos temos de sonhar com o impossível, pois além do sonho ser o “patrono da ciência” é o que move a realidade e nos possibilita recuperar a lucidez e o afeto humano.
Bibliografia
ANDRADE,
Carlos Drummond de. A Rosa do Povo, São Paulo, Editora Circulo do livro, 1945,
pp.197.
ANDRADE,
Carlos Drummond de. Corpo, 16 ª Edição, Rio de Janeiro, Editora Record, 202, pp.
168.
ANDRADE,
Carlos Drummond de. Sentimento do Mundo, 5ª Edição, Rio de Janeiro, Editora Record,
1993, pp. 176.
Associação
Palas Athenas. Valores que não têm Preço – Textos para Aprofundamento e Reflexão, pp.87.
CARVALHO,
Marcos Bernardino, “Geografia e Complexidade”. In Silva, A. A. D. & Galeno, A.
(orgs.). Geografia, ciência do complexus. Porto Alegre: Editora Sulina,
2004.
MORIN,
Edgard. Introdução ao Pensamento Complexo. Lisboa: Instituto Piaget,
1991.
SARAMAGO,
José. O Ensaio Sobre a Cegueira, São Paulo, Editora Companhia das
Letras, 2000, pp. 310.
DISCOGRAFIA
BARÃO Vermelho, Supermercados da Vida,
1991.
BARÃO Vermelho, Carne Crua, 1994.
GAVIN,
Charles & Brito, Sérgio. Trecho Extraído da Letra “Violência” do CD: Jesus
não tem Dentes no País dos Banguelas - Titãs, 1987.
TITÃS,
Cabeça
Dinossauro, 1986.
VIOLA,
Paulinho da, Letra “Sinal Fechado” do CD: Foi um Rio que Passou em Minha Vida,
1970.
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