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quinta-feira, 30 de outubro de 2014

EXERCÍCIOS e CRÔNICA do FILME “2012- fim do mundo”

repasso questões do filme “2012- fim do mundo” e uma crônica que fiz deste.

1) Explique a mudança de Era que ocorreu.
2) Segundo o filme, quais as consequências da ação dos neutrinos no planeta Terra? Quais as verdades e inverdades científicas?
3) Quem tinha direito de estar nas Arcas? Qual sua opinião à respeito?
4) Por que os governantes não avisaram antecipadamente a população do ocorrido?
5) Qual o significado da rachadura na pintura da Capela Sistina?
6) Como ocorrem tsunamis e terremotos? 
7) Por que os continentes e oceanos se movimentaram?

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CRÔNICA DO FILME “2012- fim do mundo”

Wladimir Jansen Ferreira

O filme “2012- fim do mundo” (dirigido por Roland Emmerich) parte do pressuposto que o nosso Sistema Solar estaria alinhado na “Era de Aquário” e isso traria consequências negativas para o planeta Terra, pois significaria uma maior incidência de raios solares e uma maior quantidade de neutrinos emitidos pelo Sol. Realmente, a cada dois mil anos o Sol migra em direção à uma constelação zodiacal, estando direcionado em Peixes nos últimos dois mil anos (curiosamente o peixe é um dos símbolos do Cristianismo) e de 2012 para cá entrando na “constelação e Era de Aquário”.
Entretanto, na realidade, a mudança da direção do Sol para a “constelação de Aquário” não mudou nada.
Segundo o filme, o Sol estaria emitindo muitos “neutrinos” que aqueceriam o núcleo interno da Terra, derretendo-o. Isso desestabilizaria as camadas mais exteriores do planeta Terra (núcleo externo e manto), fazendo com que a crosta terrestre se dobre, erga e se desloque por milhares de quilômetros.
Na realidade, desconhece-se a exata temperatura necessária para que o núcleo terrestre se liquefaça. O fato é que deveria aumentar em milhares de graus Celsius as emissões Solares para que tivéssemos um aumento significativo de neutrinos para derreter o núcleo terrestre e comprometer a crosta terrestre.
Também se verifica graves críticas às elites e ao capitalismo, aonde os ricos pagaram pela sobrevivência e os governantes não avisaram ou criaram medidas para salvar a maioria da população. O foi que morreram bilhões de pessoas em detrimento dos mais afortunados, que puderam pagar 1 bilhão de euros para sobreviver.
Há algumas referências religiosas no filme, como a da arca de Noé e a rachadura que aparece na pintura de Michelangelo na Capela Sistina. Esta segunda imagem pode representar a quebra da ligação entre a humanidade e o divino, onde este “Novo Mundo” é o da elite “desprovida do toque de Deus”.
Pela movimentação tectônica verificada no filme foi criada uma nova conjuntura dos continentes e oceanos do planeta Terra, ocorrendo uma rápida deriva continental. Somente centro-sul do continente africano não foi submerso, sendo que muitos irão para o Cabo da Boa Esperança na África do Sul.
Portanto, o filme passa de pressupostos reais, como a da mudança de Era e a noção de que os neutrinos podem interferir na crosta terrestre, mas exagera e cria situação cientificamente irreais.

terça-feira, 28 de outubro de 2014

A CRISE HÍDRICA em SÃO PAULO

A CRISE HÍDRICA EM SÃO PAULO

Wladimir Jansen Ferreira

ÁGUA e SANEAMENTO BÁSICO NO BRASIL E NO MUNDO
O Planeta Terra é composto em quase 3/4 por água (cerca de 71%) e somente 29% de terras emersas. FISCHESSER e DUPUIS-TATE (1996, p.58) dizem que da água existente no planeta, cerca de 97,4% é Salgada (Oceanos e Mares) e cerca de 2,6% é Doce (rios, lagos, lençol freático e geleiras).
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS, 2003), a quantidade ideal de água potável para o bem-estar e a higiene de uma pessoa, seria de 50 a 100 litros por dia. Mais de 1,1 bilhões de pessoas vivem sem água potável no planeta Terra. O Brasileiro gasta acima da média e do recomendado, sendo 187 litros de água por dia. Este consumo é inferior ao Canadá (que está no topo da tabela com cerca de 600 litros por dia), mas é bem superior aos países africanos da Região Subsaariana (com cerca de 20 litros por dia).
Apesar da Cobertura de água potável no Brasil estar em nível adequado com cerca de 90% (Brasil 2000 e 2003), a cobertura de saneamento básico no Brasil não está em nível adequado, com cerca de 75%.
A OMS (2003) afirma que existem cerca de 2,6 bilhões de pessoas no mundo sem acesso aos serviços de saneamento básico. Diariamente, dois milhões de toneladas de resíduos contaminam cerca de dois bilhões de toneladas de água (UNEP, “Água Doente”). A ausência de saneamento básico faz as pessoas consumirem água poluída, o que mata cerca de 1,8 milhões de crianças com menos de 5 anos de idade no mundo.
No Brasil cerca de 26,9 milhões de residências (34,8%) não possuem coleta de esgoto (IBGE, 2008). O Brasil em 2011 ocupava a 112ª posição em um conjunto de 200 países no quesito saneamento básico, com o Índice de Desenvolvimento do Saneamento atingindo 0,581 (CEBDS e TRATA BRASIL, 2014).
A situação de saneamento básico é mais crítica no interior do Brasil, sobretudo nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, que somam, juntas, 25,3% de ausência de acesso na coleta de esgoto, de um total de 34,8% no Brasil. Pode-se ver um pouco mais no mapa a seguir:




Mapa 1 - Municípios com serviço de rede coletora de esgoto - Brasil – 2008. IBGE (2008)

UTILIZAÇÃO DA ÁGUA NO BRASIL E EM SÃO PAULO
O Brasil é um dos países com maior oferta hídrica no mundo, com 12% de toda água doce do planeta, grandes bacias hidrográficas e considerável quantidade de água subterrânea (lençol freático).
Diferentemente da Região Metropolitana de São Paulo, no Brasil se utiliza mais água para fins produtivos (agricultura e indústria):

Gráfico 1 - Uso de Água no Brasil (Fonte: Caminho das Águas, 2006, p33).

Na Grande São Paulo, a água é utilizada principalmente para abastecimento público:
Gráfico 2 – Como é Utilizado a Água na Grande São Paulo, FUSP (2009).

A Bacia Hidrográfica que banha a Região Metropolitana de São Paulo é a do Alto Tietê, abastecendo cerca de 20.284.891 de pessoas em 39 municípios, em uma área de 7.946,84 Km².
Existem 6 Sub-Bacias na Bacia Hidrográfica do Alto Tietê:

Mapa 2: Sub-Bacias Hidrográficas do Alto Tietê.

CRISE HÍDRICA EM SÃO PAULO
É fato que está ocorrendo o fenômeno climático do La Niña, que aquece as águas do oceano Pacífico e diminuiu as chuvas do final de 2013 e durante todo o ano 2014 no Centro-Sul da América do Sul.
As consequências desta falta de chuva foram terríveis no estado de São Paulo, que está passando por uma longa estiagem e seca nos reservatórios de água das represas. Combinado com a falta de chuva, a SABESP (Companhia de Saneamento Básico de São Paulo) passa por um processo de privatização, terceirização e precarização sem precedentes.
A crise hídrica têm atingido os estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e principalmente São Paulo. São 133 cidades destes três estados com problemas de falta de água, abarcando cerca de 27,6 milhões de pessoas, em uma região responsável por 23% do PIB brasileiro (R$ 946,4 bilhões em 2011 e provavelmente R$ 1,1 trilhão em 2014). No estado de São Paulo são cerca de 92 municípios de um total de 645 municípios estão passando por problemas de crise hídrica.
Os quase 20 anos de gestão tucana no estado de São Paulo têm sido muito nocivos na precarização da SABESP e na incompetência de não fazer políticas públicas de ampliação da captação de água e do uso racional da água.
O governo do Estado de São Paulo tem privatizado sistematicamente a SABESP, empresa pela qual administra de maneira indireta, pois é detentora da maioria das ações, mas quase a metade do capital acionário está nas mãos de acionistas privados. Isto significa que a busca por lucro é que determina o destino da companhia e o não o bem-estar da população ou o uso racional da água das represas paulistas.
Não é privilégio do estado de São Paulo ter a privatização de sua empresa de saneamento básico. Nos anos 90, sob a batuta do Banco Mundial e do governo FHC, os governos iniciaram um amplo processo de privatização das empresas municipais, regionais e estaduais de saneamento básico. Os governos do PT na esfera federal não fizeram nada pra impedir a privatização. Nesse processo, a CEDAE (Rio de Janeiro) e a CESAN (Espírito Santo) estão sendo preparadas para serem vendidas ao capital privado, assim como a CASAN (Santa Catarina), esta através de um processo de municipalização que, após rompimento do contrato com a concessionária estadual, é terceirizada e privatizada pelos prefeitos e vereadores . Tal como a SABESP, a SANEPAR (Paraná) abriu seu capital. A COMPESA (Pernambuco) e a COSAMA (Amazonas) foram privatizadas. Já a COSANPA (Pará) encontra-se ameaçada de privatização.
A empresa é altamente lucrativa, chegando à dar um lucro líquido de 1,9 bilhão de reais em 2013, mas os investimentos do governo estadual são muito baixo. Em 1998, a companhia fez investimentos de R$ 1,18 bilhão e em 1999 o valor foi reduzido à R$ 457 milhões. O mesmo patamar só foi retomado em 2008, quando ela investiu R$ 1,85 bilhão.
Geraldo Alckmin, governador do estado de São Paulo, têm criminalizado os consumidores pela crise hídrica no estado. Ele despolitiza a situação ao jogar a responsabilidade em “São Pedro” e nos habitantes da Região Metropolitana de São Paulo. Não assume as suas (ir)responsabilidades no assunto e penaliza a classe trabalhadora ao racionar ilegalmente a água nos bairros periféricos.
A crise hídrica em São Paulo já afeta a economia e a classe trabalhadora, pois as empresas já estão começando a demitir trabalhadores e a diminuir sua produtividade (caso da safra de cana-de-açúcar 11,7% menor). O preço do Caminhão-Pipa disparou, de R$ 600,00 para R$ 1.200,00 por 10 mil litros de água.
A situação está crítica em todas as Sub-Bacias do Alto Tietê, principalmente no Sistema Juqueri-Cantareira, que está com o nível da água à menos de 5% e já utilizou sua segunda cota do “volume morto”. O Sistema Cantareira é muito importante, pois abastece cerca de 8,8 milhões de pessoas no interior e Grande São Paulo e está prestes à secar.
O “volume morto” é a água localizada abaixo do nível de capacitação normal das comportas das represas que compõem o Sistema Cantareira, que é altamente poluída com metais pesados e necessita passar por um custoso processo de despoluição. Neste temos cerca de 400 bilhões de litros de água de um total de 1,46 trilhões de litros de água em todo o Sistema Cantareira.
A solução para este problema não é esperar as chuvas voltarem ou responsabilizar somente o uso doméstico. Em curto prazo tem que criar soluções de utilização emergenciais em represas vizinhas que tenham água sobrando, fazendo campanhas de racionamento efetivas e previamente avisadas à população. Em longo prazo é necessário investir pesadamente em infraestrutura de saneamento básico no estado de São Paulo e reestatizar a SABESP.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL, Caminho das Águas, Rio de Janeiro: Ipsis, 2006.
_______. Dados para água e saneamento baseados no Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, 2003.
_______. Dados para água e saneamento baseados no  Censo, 2000.
CEBDS e TRATA BRASIL, Benefícios Econômicos da Expansão do Saneamento Brasileiro, 2014.
FISCHESSER; B., DUPUIS-TATE, M.F., Le guide illustre de l’ecologie. Paris :
Martiniere–Cemagref, 1996
IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais, Pesquisa Nacional de Saneamento Básico, 2008.
OMS. O direito à água. ONU, 2003
OMS e UNICEF, Programa de Monitoramento Conjunto OMS e UNICEF(JMP), ONU, 2006.

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Mapas de Erosão e Assoreamento no Brasil

  Distribuição espacial dos municípios que apresentam problemas de assoreamento da rede de
drenagem - Brasil - 2008









Distribuição espacial dos municípios que apresentam problemas de erosão na área urbana nos últimos 5 anos - Brasil - 2008




ANÁLISE RÁPIDA dos RESULTADOS das ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS

ANÁLISE RÁPIDA DOS RESULTADOS DAS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS

Wladimir Jansen Ferreira

É fato que não é de hoje que o PT se afastou dos movimentos sociais e de suas bandeiras históricas de defesa da classe trabalhadora.
Também é fato que o PSDB representa a burguesia em sua plenitude, o neoliberalismo violento, que não tem pudor em arrochar e tirar os direitos da classe trabalhadora.
A eleição de Lula em 2002 significou uma crise de esgotamento do neoliberalismo tucano e significaria conquistas para a classe trabalhadora. Entretanto, os 12 anos de governos do PT no governo federal significou a introdução da vergonhosa "frente popular", que significa uma derrota para a classe trabalhadora.
Esta "frente popular" continua governando para a burguesia e dá algumas concessões para a classe trabalhadora.
A quase eleição de Aécio Neves, significa que estamos tendo agora uma crise de esgotamento da "frente popular" petista. O capitalismo necessita crescer mais e a burguesia necessita enriquecer mais. Para isso ela quis acabar com a "frente popular" e colocar um "governo burguês puro" (na figura de Aécio Neves). A eleição de Aécio Neves seria um desastre para a classe trabalhadora, porque ele iria atacar os direitos dos trabalhadores e arrocharia seus salários, para poder aumentar o lucro do capital.

Dilma Roussef e PT. O povo deu a resposta nas ruas. Não queremos mais perda de direitos da classe trabalhadora e queremos mais conquistas. Chega de política de conciliação de classes! Chega de  "frente popular"! Rompa imediatamente com a burguesia! Faça uma política de frente única com os setores progressistas da classe trabalhadora! Queremos a "tática operária-camponesa" sem a presença de partidos burgueses e sem perdas para o proletariado!

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

ATIVIDADE com MAPA da ANTIGA ORDEM MUNDIAL - 1

-          Título: “Mapa da Antiga Ordem Mundial (1945-1991)”.

-          Escala: 1:30.000.000

-          Nome dos 5 Oceanos.

-          Nome dos 5 principais Paralelos.

-          Legenda:
[] PAÍSES DO PRIMEIRO MUNDO = AMÉRICA (EUA, Canadá), ÁSIA (Japão e Coréia do Sul), OCEANIA (Austrália e Nova Zelândia), EUROPA (França, Itália, Reino Unido, Irlanda, Grécia, Islândia, Noruega, Suécia, Suíça, Finlândia, Dinamarca, Espanha, Portugal, Holanda, Bélgica, Alemanha Ocidental).
[] PAÍSES DO SEGUNDO MUNDO = AMÉRICA (Cuba), ÁSIA (China, Vietnã, Coréia do Norte, Laos, Camboja e Mongólia), ÁFRICA (Gâmbia, Guiné-Bissau, Moçambique e Angola), EUROPA (Polônia, Hungria, Romênia, Bulgária, Áustria, Albânia, Alemanha Oriental), Tchecoeslováquia (República Tcheca e Eslováquia), Iugoslávia (Macedônia, Sérvia, Bósnia, Croácia, Montenegro, Eslovênia, Kosovo), URSS (Rússia, Moldávia, Ucrânia, Belarus, Lituânia, Letônia, Estônia, Cazaquistão, Quirguistão, Turcomenistão, Tadjquistão, Afeganistão e Uzbesquistão).

[] PAÍSES DO TERCEIRO MUNDO = o restante.



Mapa Mudo:



Ficar parecido com este:

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

RESENHA e ATIVIDADE FILME: “O Homem que virou Suco”

Filme: “O Homem que virou Suco”.
Perguntas do filme:
1)    Por que Deraldo foi confundido com outra pessoa? Vocês acham que ocorreu algum tipo de preconceito?
2)   Qual era a importância de se ter documentos? Só ter documentos é o suficiente para ser “cidadão de fato”?
3)    porque o empregado matou o patrão? O que José tinha feito na empresa?
4)    Por que Deraldo conseguia empregos de baixa qualificação? Ser poeta e escritor de cordel pode ser considerado uma profissão?

5)    O que significa as pessoas “virarem suco”? Por que isso ocorre?


escrevi esta resenha em meados de 2008.

RESENHA DO FILME “O HOMEM QUE VIROU SUCO”

Wladimir Jansen Ferreira

O filme conta a história de dois migrantes nordestinos, um poeta popular (escritor de cordel) e um operário que tinha assassinado o seu patrão, mas a trama começa quando o primeiro personagem é confundido com o segundo. O filme se utiliza de várias metáforas para criticar a desigualdade social e o processo de urbanização da cidade de São Paulo.
O migrante paraibano Deraldo é um poeta popular e uma pessoa com posicionamentos críticos e politizados, tendo como fonte de renda a venda autônoma como ambulante dos seus poemas de cordel. Ele é um recém-chegado na cidade de São Paulo e não possui documentos de identidade, fato que faz ser constantemente perseguido e reprimido por policiais e fiscais da prefeitura.
Esta situação constrangedora em que passa cotidianamente e pela opressão sofrida por viver em péssimas condições de vida, faz com que Deraldo se torne uma pessoa revoltada e inconformada com as injustiças da realidade.
Entretanto, o estopim para que a revolta de Deraldo seja extravasada, foi uma confusão em que fizeram dele com José Severino, um operário também nordestino (só que desta feita do Ceará). Este operário era fisicamente idêntico à Deraldo e estava foragido por ter matado o patrão na cerimônia em que estava sendo condecorado.
Teremos agora uma estafante jornada de Deraldo para tentar “limpar seu nome” e também para entender porque José assassinou o seu patrão. Esta sua jornada também é uma forma de buscar sua identidade no meio de uma megalópole tão formal e insensível como a cidade de São Paulo. A confusão não foi algo despropositado, pois a maioria dos migrantes em São Paulo são submetidos à condições de vida adversas e miseráveis, sendo preconceituosamente confundidos e rotulados como uma grande massa sem individualidade ou identidade própria.
Nesta constante busca, Deraldo vais lentamente e alucinadamente derrubando preconceitos e visões exploratórias, através de posicionamentos éticos e humanistas. Inicialmente, ele não se acomoda com as humilhações do “chefe de obras” de uma grande construção imobiliária de alta classe (onde tragicamente a maioria de seus companheiros de obra são nordestinos e analfabetos), depois não aceita o tratamento dado por sua patroa rica (ironicamente com parente nordestinos, só que um abastado coronel) e por fim questiona veementemente as condições exploratórias em que ele e seus colegas operários passam no estafante trabalho de construção do metrô paulistano do fim da década de 1970.
Interessante destacar dentre estas situações, a propaganda e a “lavagem cerebral” que os engenheiros do metrô estavam realizando com seus operários, tentando induzir a estes que o trabalho e o respeito total ao patrão seria algo indispensável para que conseguissem o emprego, além do que, deviam abortar de todos os costumes e modos de vida “atrasados”, que “supostamente” levavam em sua terra natal, no nordeste brasileiro.
Depois de ter passado por estas privações e provações, Deraldo que estava sendo perseguido pela polícia, começará a ficar ruim de saúde, tendo quase enlouquecido (ou virado “suco”). Será internado numa clínica filantrópica, que é constantemente visitado por madames de alta classe e de organizações com “responsabilidade social”. Entretanto, ele se indisporá com estas pessoas e fugirá desta clinica para terminar sua busca.
Nesta sua empreitada final, Deraldo (que tinha se comprometido com um amigo em fazer um cordel que contaria a “história do operário que matara o patrão”) procura os antigos colegas de fábrica de José. Estes lhe disseram que José tinha “pisado na cabeça de outros funcionários” para subir na hierarquia da empresa e que tinha feito acordos escusos com o patrão na finalidade de entregar os operários sindicalizados e agitadores. No entanto, esta subida na vida de José foi breve, acompanhada com muitas brigas e de um boicote ao trabalho de seus colegas descontentes com José, fazendo com que o patrão o demitisse.
Ironicamente no dia em que Jose receberia uma condecoração da empresa, ele estava desempregado e decide matar o seu patrão. Depois de realizado o crime, Jose “vira suco” e enlouquece, sendo encontrado por Deraldo em situação degradante em sua casa na periferia de São Paulo.

O brilhante filme se encerra com o desvendamento e o esclarecimento desta confusão criada entre Deraldo e José. Conquanto, situações exploratórias com trabalhadores de baixa renda, moradias e bairros com pouca infra-estrutura e rede de serviços, além das humilhações inconseqüentes com migrantes nordestinos ainda acontecem “às pencas” na cidade de São Paulo. Este cumpre perfeitamente um papel denunciativo e de formação de uma consciência crítica e questionadora da realidade que não mudou tanto de 1979 para cá.