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quarta-feira, 8 de abril de 2015

Produtores Gananciosos de Tomate Jogam Produtos na Rodovia

       Imagem deprimente que bem retrata a ganância dos produtores na sociedade capitalista.


      O preço do tomate despencou e produtores capixabas de produtores rurais de Venda Nova do Imigrante jogam 20 mil caixas de tomate no lixo. O produto, que estava custando em média R$ 30 por caixa no final de 2014, baixou para R$ 10 (uma queda de 66% no preço). 
     A "lei de preços da oferta e da procura" capitalista diz que se tivermos uma grande oferta de um produto, o preço deste deverá ser rebaixado. A oferta pequena deste mesmo produto poderá diminuir o preço deste produto.
     Para tentar voltar aumentar o preço do tomate do mercado, diminuindo a oferta deste produto, os produtores de tomate dispensaram cerca de 20 mil caixas do produto na rodovia
     Estes tomates estava em ótimo estado e ao invés de enviar estes tomates para as populações mais carentes ou para órgãos públicos (como escolas e hospitais), os produtores desperdiçam-no somente para garantir o aumento do seus lucros.
     Torna-se mais do que necessário uma política de controle estatal de preços, para não ficarmos dependente das grandes corporações na definição dos preços dos produtos, até porque as empresas são gananciosas e fazem lançam estratégias financeiras ilegais (tais como cartéis, trustes, etc). Também é necessário que se faça no Brasil uma ampla reforma agrária, para dar terra para quem quer produzir com responsabilidade social, diminuindo o poder destas grandes corporações capitalistas do campo.

Mais informações em: http://www.folhavitoria.com.br/economia/noticia/2015/01/preco-despenca-e-produtores-capixabas-jogam-20-mil-caixas-de-tomate-no-lixo.html

domingo, 5 de abril de 2015

O cidadão norte-americano (Ralph Linton) - com exercícios

repasso outro texto sobre globalização

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O cidadão norte-americano - Ralph Linton

O cidadão norte-americano desperta num leito construído segundo padrão originário do Oriente Próximo, mas modificado na Europa Setentrional, antes de ser transmitido à América. Sai debaixo de cobertas feitas de algodão, cuja planta se tornou doméstica na Índia; ou de linho ou de lã de carneiro, um e outro domesticados no Oriente Próximo; ou de seda, cujo emprego foi descoberto na China. Todos esses materiais foram fiados e tecidos por processos inventados no Oriente Próximo. Ao levantar da cama faz uso dos “mocassins” que foram inventados pelos índios das florestas do Leste dos Estados Unidos e entra no quarto de banho cujos aparelhos são uma mistura de invenções européias e norte-americanas, umas e outras recentes. Tira o pijama, que é vestiário inventado na Índia e lava-se com sabão que foi inventado pelos antigos gauleses, faz a barba que é um rito masoquístico que parece provir dos sumerianos ou do antigo Egito.
     Voltando ao quarto, o cidadão toma as roupas que estão sobre uma cadeira do tipo europeu meridional e veste-se. As peças de seu vestuário tem a forma das vestes de pele originais dos nômades das estepes asiáticas; seus sapatos são feitos de peles curtidas por um processo inventado no antigo Egito e cortadas segundo um padrão proveniente das civilizações clássicas do Mediterrâneo; a tira de pano de cores vivas que amarra ao pescoço é sobrevivência dos xales usados aos ombros pelos croatas do séc. XVII. Antes de ir tomar o seu breakfast, ele olha ele olha a rua através da vidraça feita de vidro inventado no Egito; e, se estiver chovendo, calça galochas de borracha descoberta pelos índios da América Central e toma um guarda-chuva inventado no sudoeste da Ásia. Seu chapéu é feito de feltro, material inventado nas estepes asiáticas.
     De caminho para o breakfast, pára para comprar um jornal, pagando-o com moedas, invenção da Líbia antiga. No restaurante, toda uma série de elementos tomados de empréstimo o espera. O prato é feito de uma espécie de cerâmica inventada na China. A faca é de aço, liga feita pela primeira vez na Índia do Sul; o garfo é inventado na Itália medieval; a colher vem de um original romano. Começa o seu breakfast, com uma laranja vinda do Mediterrâneo Oriental, melão da Pérsia, ou talvez uma fatia de melancia africana. Toma café, planta abssínia, com nata e açúcar. A domesticação do gado bovino e a idéia de aproveitar o seu leite são originárias do Oriente Próximo, ao passo que o açúcar foi feito pela primeira vez na Índia. Depois das frutas e do café vêm waffles, os quais são bolinhos fabricados segundo uma técnica escandinava, empregando como matéria prima o trigo, que se tornou planta doméstica na Ásia Menor. Rega-se com xarope de maple inventado pelos índios das florestas do leste dos Estados Unidos. Como prato adicional talvez coma o ovo de alguma espécie de ave domesticada na Indochina ou delgadas fatias de carne de um animal domesticado na Ásia Oriental, salgada e defumada por um processo desenvolvido no norte da Europa.
     Acabando de comer, nosso amigo se recosta para fumar, hábito implantado pelos índios americanos e que consome uma planta originária do Brasil; fuma cachimbo, que procede dos índios da Virgínia, ou cigarro, proveniente do México. Se for fumante valente, pode ser que fume mesmo um charuto, transmitido à América do Norte pelas Antilhas, por intermédio da Espanha. Enquanto fuma, lê notícias do dia, impressas em caracteres inventados pelos antigos semitas, em material inventado na China e por um processo inventado na Alemanha. Ao inteirar-se das narrativas dos problemas estrangeiros, se for bom cidadão conservador, agradecerá a uma divindade hebraica, numa língua indo-européia, o fato de ser "cem por cento americano".


LINTON, Ralph. O homem: Uma introdução à antropologia. 3ed., São Paulo, Livraria Martins Editora, 1959. Citado em LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropológico. 16ed., Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 2003, p.106-108

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Exercícios:


1) Quais são os lugares citados no texto? Cite pelo menos 10 lugares (países, continentes, regiões, etc).

2) Explique o significado de "globalização cultural".

3) Por que este cidadão norte-americano não pode afirmar que é "100% americano"?

4) Faça um mapa com os lugares citados no texto.

“Por uma globalização mais humana” (MILTON SANTOS) - com exercícios

texto sobre globalização com exercícios:

“Por uma globalização mais humana” - MILTON SANTOS


A globalização é o estágio supremo da internacionalização. O processo de intercâmbio entre países, que marcou o desenvolvimento do capitalismo desde o período mercantil dos séculos 17 e 18, expande-se com a industrialização, ganha novas bases com a grande indústria, nos fins do século 19 e, agora, adquire mais intensidade, mais amplitude e novas feições. O mundo inteiro torna-se envolvido em todo tipo de trocas: técnicas, comerciais, financeiras, culturais.
Vivemos um novo período na história da humanidade. A base dessa verdadeira revolução é o progresso técnico, obtido em razão do desenvolvimento científico e baseado na importância obtida pela tecnologia, a chamada ciência da produção.
Todo o planeta é praticamente coberto por um único sistema técnico, tornado indispensável à produção e ao intercâmbio e fundamento do consumo, em suas novas formas.
Graças às novas técnicas, a informação pode se difundir instantaneamente em todo o planeta e o conhecimento do que se passa em um lugar é possível em todos os pontos da Terra.
A produção globalizada e a informação globalizada permitem a emergência de um lucro à escala mundial, buscado pelas firmas globais constituindo o verdadeiro motor da atividade econômica.
Tudo isso é movido por uma concorrência superlativa entre os principais agentes econômicos - a competitividade.
Num mundo assim transformado, todos os lugares tendem a tornar-se globais e o que acontece em qualquer ponto do ecúmeno (parte habitada da Terra) tem relação com o acontecer em todos os demais.
Daí a ilusão de vivermos num mundo sem fronteiras, uma aldeia global. Na realidade, as relações chamadas globais são reservadas a um pequeno número de agentes, os grandes bancos e empresas transnacionais, alguns Estados, as grandes organizações internacionais.
Infelizmente, o estágio atual da globalização está produzindo ainda mais desigualdades. E ao contrário do que se esperava, crescem o desemprego, a pobreza, a fome, a insegurança do cotidiano, num mundo que se fragmenta e onde se ampliam as fraturas sociais.
A droga, com sua enorme difusão, constitui um dos grandes flagelos desta época.
O mundo parece, agora, girar sem destino. É a chamada globalização perversa. Ela está sendo tanto mais perversa porque as enormes possibilidades oferecidas pelas conquistas científicas e técnicas não estão sendo adequadamente usadas.
Não cabe, todavia, perder a esperança, porque os progressos técnicos obtidos neste fim de século 20, se usados de uma outra maneira, bastam para produzir muito mais alimentos do que a população atual necessita e aplicados à medicina reduziriam drasticamente as doenças e a mortalidade.

Um mundo solidário produzirá muitos empregos, ampliando um intercâmbio pacífico entre os povos e eliminando a belicosidade do processo competitivo, que todos os dias reduz a mão-de-obra. É possível pensar na realização de um mundo de bem-estar, onde os homens serão mais felizes, um outro tipo de globalização. 


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Sugestão de atividades:

1) Explique o que o autor quis dizer com a afirmação: "O mundo inteiro torna-se envolvido em todo tipo de troca: técnica, comercial, financeira e cultural".

2) Cite alguns problemas que o texto apresenta em relação à globalização.

3) Explique qual o significado de "globalização perversa"?

4) O autor afirma que: "Na realidade, as relações chamadas globais são reservadas a um pequeno número de agentes, os grandes bancos e empresas transnacionais, alguns Estados e as grandes organizações internacionais". Cite alguma organização internacional importante para o processo atual de globalização.

5) Explique como é possível "uma globalização mais humana"?