repasso texto que escrevi para o jornal-boletim da APEOESP-Taboão da Serra (janeiro de 2015)
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ANÁLISE DE CONJUNTURA
NACIONAL
Wladimir Jansen Ferreira (EE Nigro Gava)
No começo da década de 1980, o Partido
dos Trabalhadores (PT) foi criado de maneira única na história política
brasileira, pois aglutinou praticamente todos os setores de esquerda, setores
de oposição à enfraquecida ditadura militar e os movimentos sociais atuantes no
Brasil. Foi uma formação inédita, pois era classista e popular, pautada na
participação pela base, com os “núcleos de base”, “comissões de fábricas” e
“pastorais católicas” (influenciadas pela progressista “Teologia da
Libertação”). Quem dava a linha programática do partido eram correntes
trotskistas (OT, CS, etc).
O PT organizou a luta da classe
trabalhadora, sendo imprescindível para as conquistas e embates que o proletariado
traçou durante a década de 1980 e meados da década de 1990. Com o passar dos
anos o PT se afastou dos movimentos sociais e de suas bandeiras históricas de
defesa da classe trabalhadora, preocupando-se mais com a disputa pelo poder do
que com as demandas do proletariado.
A disputa pelo poder é essencial. Lenin
estava correto quando disse que “afora o poder, tudo é ilusão”, mas não se pode
disputar o “poder pelo poder”, mas com vias à defender as demandas da classe
trabalhadora e à superação do capitalismo.
A eleição de Lula em 2002 significou uma
crise de esgotamento do neoliberalismo tucano e poderia significar conquistas
para a classe trabalhadora. Entretanto, os 12 anos de governos do PT no governo
federal significaram a introdução da vergonhosa "frente popular", que
significa uma derrota para a classe trabalhadora.
Esta "frente popular" continua
governando para a burguesia e dá algumas concessões para a classe trabalhadora.
A quase eleição de Aécio Neves significou que estamos tendo agora uma crise de
esgotamento da "frente popular" petista. O capitalismo necessita
crescer mais e a burguesia necessita enriquecer mais. Para isso era necessário
acabar com a "frente popular" e colocar um "governo burguês
puro" (na figura de Aécio Neves).
A eleição de Aécio Neves seria um
desastre para a classe trabalhadora, porque ele iria atacar os direitos dos
trabalhadores e arrocharia seus salários, para poder aumentar o lucro do
capital.
Ao negar o projeto neoliberal tucano, os
54 milhões de pessoas deram um claro recado à Dilma Roussef e ao PT. Não se
queria mais perdas de direitos da classe trabalhadora, sendo necessárias mais
conquistas e a negação da política de conciliação de classes.
A reeleição de Dilma Roussef se deu pela
rejeição de Aécio Neves e do PSDB pela maioria da população brasileira. Apesar
dos programas de governos do PT e do PSDB se assemelharem muito, a candidatura
de Dilma representava interesses da classe trabalhadora e a candidatura de
Aécio sinalizava mais perdas para a classe trabalhadora.
Entretanto, as primeiras medidas de
Dilma Roussef foram cortes de verbas na área social (a Educação foi o setor
mais atingido pelos cortes, sofrendo mais de R$ 7 bilhões no ano para o
pagamento da dívida aos grandes banqueiros internacionais), continuidade da
política econômica neoliberal (com a nomeação de ministros como Joaquim Levy,
Alexandre Trombini, Gilberto Kassab, Kátia Abreu, etc), aumento de impostos, aumento dos juros, mantimento do superávit primário, sinalização em atacar os direitos
trabalhistas (como no seguro-desemprego), além de se manter com a política de
conciliação de classes.
O governo Dilma não representa os
interesses da classe trabalhadora e deve ser questionado e negado. É necessário
que o PT rompa imediatamente com a burguesia e negue a "frente
popular". Para isso, é preciso uma política de frente única com os setores
progressistas da classe trabalhadora, sem a presença de partidos burgueses e
sem perdas para o proletariado.
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