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segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

ANÁLISE de CONJUNTURA NACIONAL

repasso texto que escrevi para o jornal-boletim da APEOESP-Taboão da Serra (janeiro de 2015)
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ANÁLISE DE CONJUNTURA NACIONAL

Wladimir Jansen Ferreira (EE Nigro Gava)

No começo da década de 1980, o Partido dos Trabalhadores (PT) foi criado de maneira única na história política brasileira, pois aglutinou praticamente todos os setores de esquerda, setores de oposição à enfraquecida ditadura militar e os movimentos sociais atuantes no Brasil. Foi uma formação inédita, pois era classista e popular, pautada na participação pela base, com os “núcleos de base”, “comissões de fábricas” e “pastorais católicas” (influenciadas pela progressista “Teologia da Libertação”). Quem dava a linha programática do partido eram correntes trotskistas (OT, CS, etc).
O PT organizou a luta da classe trabalhadora, sendo imprescindível para as conquistas e embates que o proletariado traçou durante a década de 1980 e meados da década de 1990. Com o passar dos anos o PT se afastou dos movimentos sociais e de suas bandeiras históricas de defesa da classe trabalhadora, preocupando-se mais com a disputa pelo poder do que com as demandas do proletariado.
A disputa pelo poder é essencial. Lenin estava correto quando disse que “afora o poder, tudo é ilusão”, mas não se pode disputar o “poder pelo poder”, mas com vias à defender as demandas da classe trabalhadora e à superação do capitalismo.
A eleição de Lula em 2002 significou uma crise de esgotamento do neoliberalismo tucano e poderia significar conquistas para a classe trabalhadora. Entretanto, os 12 anos de governos do PT no governo federal significaram a introdução da vergonhosa "frente popular", que significa uma derrota para a classe trabalhadora.
Esta "frente popular" continua governando para a burguesia e dá algumas concessões para a classe trabalhadora. A quase eleição de Aécio Neves significou que estamos tendo agora uma crise de esgotamento da "frente popular" petista. O capitalismo necessita crescer mais e a burguesia necessita enriquecer mais. Para isso era necessário acabar com a "frente popular" e colocar um "governo burguês puro" (na figura de Aécio Neves).
A eleição de Aécio Neves seria um desastre para a classe trabalhadora, porque ele iria atacar os direitos dos trabalhadores e arrocharia seus salários, para poder aumentar o lucro do capital.
Ao negar o projeto neoliberal tucano, os 54 milhões de pessoas deram um claro recado à Dilma Roussef e ao PT. Não se queria mais perdas de direitos da classe trabalhadora, sendo necessárias mais conquistas e a negação da política de conciliação de classes.
A reeleição de Dilma Roussef se deu pela rejeição de Aécio Neves e do PSDB pela maioria da população brasileira. Apesar dos programas de governos do PT e do PSDB se assemelharem muito, a candidatura de Dilma representava interesses da classe trabalhadora e a candidatura de Aécio sinalizava mais perdas para a classe trabalhadora.
Entretanto, as primeiras medidas de Dilma Roussef foram cortes de verbas na área social (a Educação foi o setor mais atingido pelos cortes, sofrendo mais de R$ 7 bilhões no ano para o pagamento da dívida aos grandes banqueiros internacionais), continuidade da política econômica neoliberal (com a nomeação de ministros como Joaquim Levy, Alexandre Trombini, Gilberto Kassab, Kátia Abreu, etc), aumento de impostos, aumento dos juros, mantimento do superávit primário, sinalização em atacar os direitos trabalhistas (como no seguro-desemprego), além de se manter com a política de conciliação de classes.

O governo Dilma não representa os interesses da classe trabalhadora e deve ser questionado e negado. É necessário que o PT rompa imediatamente com a burguesia e negue a  "frente popular". Para isso, é preciso uma política de frente única com os setores progressistas da classe trabalhadora, sem a presença de partidos burgueses e sem perdas para o proletariado. 

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