repasso texto que fiz para o jornal da subsede da APEOESP-TABOÃO de janeiro de 2014.
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SOBRE O CONCURSO PARA PROFESSORES DA REDE ESTADUAL EM 2013
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SOBRE O CONCURSO PARA PROFESSORES DA REDE ESTADUAL EM 2013
Wladimir
Jansen Ferreira (professor de geografia da EE Profª Maria Apparecida Nigro Gava)
Dezembro de 2013
Atualmente temos
cerca de 200 mil professores na rede de ensino estadual de São Paulo, onde
somente metade deste total é efetiva e a outra metade se divide em OFA’s (de F
a O), que não possuem os mesmos direitos dos professores efetivos e muitos
estão em situação de precarização do trabalho (sobretudo nos professores
“Categoria O”).
Ao invés do governo
estadual realizar um grande concurso para a superação desta contradição, no dia
17 de novembro de 2013 cerca 320
mil professores/as realizaram o concurso para
professor (a) da rede estadual de ensino de São Paulo, mas este efetivará somente
59 mil professores (sendo teoricamente 20 mil em janeiro de 2014).
Muitas outras
contradições estiveram presentes durante a construção deste concurso, começando
pela polêmica do “ponto para tempo de trabalho” (quem trabalharia 20 anos
receberá o mesmo 1 ponto de quem está na rede somente 2 anos), ou na mudança da
bibliografia em cima da hora (sendo que várias
questões se referem a autores e obras que não constam da bibliografia do
concurso, ao mesmo tempo em que autores e obras exigidos na bibliografia não
foram utilizados), etc.
Foi revoltante a
total conivência da direção majoritária da APEOESP com o governo estadual. A
“presidenta” Bebel só falou do concurso como uma “grande conquista” do
sindicato, visando apenas a sua autopromoção. Nenhuma palavra foi dita para
criticar o caráter meritocrático, elitista e excludente deste concurso, bem
como de todas as provas, provinhas e provões que vem sendo feitos pela
secretaria de educação. Nenhum esclarecimento foi feito à categoria sobre a
mentira das 59 mil vagas, propaganda enganosa da dupla anti-educação
Alckmin/Hermann, que nunca pretenderam acabar com a precarização do trabalho na
rede pública de ensino.
Durante a realização
da prova do concurso, muitas outras irregularidades ocorreram,
principalmente pela incompetência da organizadora do concurso, a Fundação
Getúlio Vargas (FGV). A FGV realizou provas totalmente fora da realidade do
professor, com questões mal elaboradas, tendo respostas ambíguas e muitas
falhas durante a aplicação.
Inúmeras
questões da prova pedagógica e das provas específicas foram questionadas, fato
que obrigou a FGV retificar o gabarito da prova específica de Língua Portuguesa
(corrigindo as respostas de 14 questões, o que equivale a 47% do total de 30
questões da prova), além de anular questões e mudar a resposta de algumas
questões da prova pedagógica. As questões, principalmente das provas
específicas, foram formuladas com textos enormes e dúbios, sem objetividade, de
uma complexidade tecnicista que visava claramente induzir os concursantes ao
erro. Nas provas de disciplinas como Matemática, Química e Física, não havia
tempo humanamente viável para realizar os cálculos necessários, além de não
haver espaço no caderno de questões para fazer contas, sendo que não era
permitido levar papel para rascunho, nem lápis ou borracha. Ou seja, a FGV
preparou uma verdadeira “cama de gato” para dificultar a vida de todos!
A
estes erros e problemas na formulação das provas, acrescentam-se
irregularidades que comprometem a lisura do concurso. O mais flagrante ocorreu
em Taboão da Serra, em que faltaram provas de Inglês para 69 professores na EE
Profª Maria Apparecida Nigro Gava, pois a FGV trocou as provas de inglês
por educação física, atrasando o início da realização
desta prova (que estava prevista para as 14h, mas começou às 15h57min).
Neste intervalo de 2h
tudo aconteceu: os professores mexeram em celulares, uma funcionária da FGV
recebeu a prova de Inglês por e-mail, a prova de Inglês foi impressa na escola,
a coordenadora da FGV tentou induzir aos concursando que desistissem de fazer a
prova (assinassem um documento de desistência do concurso, revoltando os
professores), etc. Muitos
professores ficaram abalados psicologicamente e certamente afetou nos seus
rendimentos da prova.
Em virtude deste erro, a FGV teve
que recolher provas de inglês que sobraram das escolas vizinhas. Entretanto, a
quantidade recolhida não foi suficiente e 32 provas tiveram que ser
fotocopiadas (sendo que a FGV enviou por e-mail o
caderno da prova para que fosse xerocado).
Entretanto, os erros não
acabaram aqui, pois houve dois tipos de provas de inglês (“verde” e “branca”) e
a FGV encaminhou a prova de cor “branca” para o e-mail de
sua representante, Illen Nara Rodrigues, que providenciou estas 32
cópias na própria escola. Com essas fotocópias e as duas horas de atraso, o
sigilo da prova foi para o espaço.
Apesar das cópias feitas na
escola serem da prova de cor “branca”, muitos professores (as) foram obrigados
a anotar as suas respostas no gabarito da prova de cor “verde”. Há o risco de
estes professores serem prejudicados no momento da correção, pois os gabaritos
das provas de cor “verde” e “branca” não são os mesmos.
Ao saber deste ocorrido, o
Coordenador da Subsede da APEOESP de Taboão da Serra, Miguel Leme, junto com o
advogado do sindicato, Dr Valdir, se dirigiram imediatamente para a escola para
cobrar explicações dos representantes da FGV sobre esse desrespeito e exigir
que nenhum professor seja prejudicado. A justificativa dada pela FGV foi
esfarrapada: disseram, simplesmente, que houve um problema de “logística”.
Diante de toda esta situação,
a Subsede da APEOESP de Taboão da Serra orientou, na porta da escola, todos os
69 professores (as) a fazerem Boletim de Ocorrência (BO) e protocolar
requerimento na Diretoria Regional de Ensino de Taboão da Serra exigindo
explicações da Secretaria Estadual de Educação sobre todos esses problemas
descritos. Estes procedimentos são importantes, pois caso seja necessário,
ações judiciais serão ajuizadas para garantir os direitos destes professores
(as) que foram prejudicados (as).
Estes
fatos comprometeram irremediavelmente o sigilo das provas e levantam suspeitas
quanto aos procedimentos adotados pela FGV no concurso em todo o estado. Isto é
revoltante e inadmissível, só vendo aumentar a sensação de humilhação e
desrespeito a que somos submetidos cotidianamente pela secretaria de Educação e
pelo governo Alckmin.
Por
enquanto a FGV não se posicionou sobre as anulações das provas específicas e o
governo estadual não se posicionou frente às trapalhadas da FGV.
Após
vários dias da realização do concurso e das inúmeras denúncias de
irregularidades, a direção majoritária da APEOESP ainda não se posicionou ao
lado dos professores.
Os
milhares de professores que se encontram prejudicados pelo concurso da FGV/SEE
tem que entrar em luta para exigir que sua formação e sua experiência de
trabalho sejam respeitados:
-
Pela valorização do tempo de trabalho dos professores e professoras: que 50% do
valor da pontuação final sejam relativos ao tempo de trabalho em sala de aula.
-
Por um concurso bem elaborado que efetive pelo menos 100 mil professores na
rede estadual de São Paulo!
-
Pela apuração das irregularidades e anulação deste concurso!
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