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domingo, 2 de fevereiro de 2014

SOBRE o CONCURSO para PROFESSORES da REDE ESTADUAL em 2013

repasso texto que fiz para o jornal da subsede da APEOESP-TABOÃO de janeiro de 2014.

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SOBRE O CONCURSO PARA PROFESSORES DA REDE ESTADUAL EM 2013

Wladimir Jansen Ferreira (professor de geografia da EE Profª Maria Apparecida Nigro Gava)

Dezembro de 2013

Atualmente temos cerca de 200 mil professores na rede de ensino estadual de São Paulo, onde somente metade deste total é efetiva e a outra metade se divide em OFA’s (de F a O), que não possuem os mesmos direitos dos professores efetivos e muitos estão em situação de precarização do trabalho (sobretudo nos professores “Categoria O”).
Ao invés do governo estadual realizar um grande concurso para a superação desta contradição, no dia 17 de novembro de 2013 cerca 320 mil professores/as realizaram o concurso para professor (a) da rede estadual de ensino de São Paulo, mas este efetivará somente 59 mil professores (sendo teoricamente 20 mil em janeiro de 2014).
Muitas outras contradições estiveram presentes durante a construção deste concurso, começando pela polêmica do “ponto para tempo de trabalho” (quem trabalharia 20 anos receberá o mesmo 1 ponto de quem está na rede somente 2 anos), ou na mudança da bibliografia em cima da hora (sendo que várias questões se referem a autores e obras que não constam da bibliografia do concurso, ao mesmo tempo em que autores e obras exigidos na bibliografia não foram utilizados), etc. 
Foi revoltante a total conivência da direção majoritária da APEOESP com o governo estadual. A “presidenta” Bebel só falou do concurso como uma “grande conquista” do sindicato, visando apenas a sua autopromoção. Nenhuma palavra foi dita para criticar o caráter meritocrático, elitista e excludente deste concurso, bem como de todas as provas, provinhas e provões que vem sendo feitos pela secretaria de educação. Nenhum esclarecimento foi feito à categoria sobre a mentira das 59 mil vagas, propaganda enganosa da dupla anti-educação Alckmin/Hermann, que nunca pretenderam acabar com a precarização do trabalho na rede pública de ensino.
Durante a realização da prova do concurso, muitas outras irregularidades ocorreram, principalmente pela incompetência da organizadora do concurso, a Fundação Getúlio Vargas (FGV). A FGV realizou provas totalmente fora da realidade do professor, com questões mal elaboradas, tendo respostas ambíguas e muitas falhas durante a aplicação.
Inúmeras questões da prova pedagógica e das provas específicas foram questionadas, fato que obrigou a FGV retificar o gabarito da prova específica de Língua Portuguesa (corrigindo as respostas de 14 questões, o que equivale a 47% do total de 30 questões da prova), além de anular questões e mudar a resposta de algumas questões da prova pedagógica. As questões, principalmente das provas específicas, foram formuladas com textos enormes e dúbios, sem objetividade, de uma complexidade tecnicista que visava claramente induzir os concursantes ao erro. Nas provas de disciplinas como Matemática, Química e Física, não havia tempo humanamente viável para realizar os cálculos necessários, além de não haver espaço no caderno de questões para fazer contas, sendo que não era permitido levar papel para rascunho, nem lápis ou borracha. Ou seja, a FGV preparou uma verdadeira “cama de gato” para dificultar a vida de todos!
A estes erros e problemas na formulação das provas, acrescentam-se irregularidades que comprometem a lisura do concurso. O mais flagrante ocorreu em Taboão da Serra, em que faltaram provas de Inglês para 69 professores na EE Profª Maria Apparecida Nigro Gava, pois a FGV trocou as provas de inglês por educação física, atrasando o início da realização desta prova (que estava  prevista para as 14h, mas começou às 15h57min).
Neste intervalo de 2h tudo aconteceu: os professores mexeram em celulares, uma funcionária da FGV recebeu a prova de Inglês por e-mail, a prova de Inglês foi impressa na escola, a coordenadora da FGV tentou induzir aos concursando que desistissem de fazer a prova (assinassem um documento de desistência do concurso, revoltando os professores), etc. Muitos professores ficaram abalados psicologicamente e certamente afetou nos seus rendimentos da prova.
Em virtude deste erro, a FGV teve que recolher provas de inglês que sobraram das escolas vizinhas. Entretanto, a quantidade recolhida não foi suficiente e  32 provas tiveram que ser fotocopiadas (sendo que a FGV enviou por e-mail o caderno da prova para que fosse xerocado).
Entretanto, os erros não acabaram aqui, pois houve dois tipos de provas de inglês (“verde” e “branca”) e a FGV encaminhou a prova de cor “branca” para o e-mail de sua  representante, Illen Nara Rodrigues, que providenciou estas 32 cópias na própria escola. Com essas fotocópias e as duas horas de atraso, o sigilo da prova foi para o espaço.
Apesar das cópias feitas na escola serem da prova de cor “branca”, muitos professores (as) foram obrigados a anotar as suas respostas no gabarito da prova de cor “verde”. Há o risco de estes professores serem prejudicados no momento da correção, pois os gabaritos das provas de cor “verde” e “branca” não são os mesmos.
Ao saber deste ocorrido, o Coordenador da Subsede da APEOESP de Taboão da Serra, Miguel Leme, junto com o advogado do sindicato, Dr Valdir, se dirigiram imediatamente para a escola para cobrar explicações dos representantes da FGV sobre esse desrespeito e exigir que nenhum professor seja prejudicado. A justificativa dada pela FGV foi esfarrapada: disseram, simplesmente, que houve um problema de “logística”.
Diante de toda esta situação, a Subsede da APEOESP de Taboão da Serra orientou, na porta da escola, todos os 69 professores (as) a fazerem Boletim de Ocorrência (BO) e protocolar requerimento na Diretoria Regional de Ensino de Taboão da Serra exigindo explicações da Secretaria Estadual de Educação sobre todos esses problemas descritos. Estes procedimentos são importantes, pois caso seja necessário, ações judiciais serão ajuizadas para garantir os direitos destes professores (as) que foram prejudicados (as).
Estes fatos comprometeram irremediavelmente o sigilo das provas e levantam suspeitas quanto aos procedimentos adotados pela FGV no concurso em todo o estado. Isto é revoltante e inadmissível, só vendo aumentar a sensação de humilhação e desrespeito a que somos submetidos cotidianamente pela secretaria de Educação e pelo governo Alckmin.
Por enquanto a FGV não se posicionou sobre as anulações das provas específicas e o governo estadual não se posicionou frente às trapalhadas da FGV.
Após vários dias da realização do concurso e das inúmeras denúncias de irregularidades, a direção majoritária da APEOESP ainda não se posicionou ao lado dos professores.
Os milhares de professores que se encontram prejudicados pelo concurso da FGV/SEE tem que entrar em luta para exigir que sua formação e sua experiência de trabalho sejam respeitados:
- Pela valorização do tempo de trabalho dos professores e professoras: que 50% do valor da pontuação final sejam relativos ao tempo de trabalho em sala de aula.
- Por um concurso bem elaborado que efetive pelo menos 100 mil professores na rede estadual de São Paulo!

- Pela apuração das irregularidades e anulação deste concurso!

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