repasso texto que eu fiz.
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Existem alguns modismos que estão incluidos neste debate
populacional, tais como “inverno demográfico”, "bônus demográfico" e “fuga de cérebros”.
“Inverno
Demográfico” é uma expressão está relacionada à
diminuição das taxas de fecundidade e de natalidade em conjunto com a redução
da taxa de mortalidade. Isso tem ocorrido em países europeus e no Japão,
fazendo com que haja um envelhecimento da população e o aumento de expectativa
de vida (ou esperança de vida ao nascer). Esta queda da taxa de mortalidade é
fruto, dentre vários fatores, do desenvolvimento da medicina, de eficientes
programas estatais de saúde pública, da dieta balanceada, etc.
Nos países europeus verifica-se um crescimento
populacional (ou vegetativo) baixo ou negativo, fazendo com que muitos países
do continente estejam passando pela “Terceira Fase de Transição Demográfica”
(que se caracteriza pela suposta “estabilização das taxas de fecundidade e de
mortalidade”, ocasionando um “crescimento populacional baixo ou negativo”). A
população européia está envelhecendo e estamos tendo uma diminuição gradativa
da quantidade de jovens e adultos, ou seja, estes países estão tendo uma
carência de força de trabalho, que será preenchida pelo fluxo migratório de
pessoas provenientes de países subdesenvolvidos economicamente-socialmente (sendo
que a maioria destas pessoas serão “exercito industrial de reserva” e “mão-de-obra
barata”, trabalhando em atividades de baixa remuneração e de pouca
especialização técnica).
Existe um relatório do Banco
Mundial (http://oglobo.globo.com/economia/envelhecimento-da-populacao-criara-bonus-demografico-para-brasil-diz-banco-mundial-2800248)que elogia as reformas previdenciárias de 1999 e 2003, porque sem elas “os
gastos previdenciários aumentariam de 10% do PIB em 2005 para insustentáveis
37% do PIB em 2050, simplesmente devido ao aumento no número de aposentados”.
Se por um lado os gastos diminuíram, por outro lado os direitos da população
deram uma diminuída.
O Banco Mundial
também afirma que estas mudanças previdenciárias no Brasil farão com que se
tenha um “bônus demográfico”, que é “quando a força de
trabalho é muito maior do que a população dependente”, ou seja, haverá uma
reserva de força de trabalho muito grande (o chamado “exército industrial de
reserva” será elevado). Este número elevado de força de trabalho poderia fazer
com que o país “aumente o seu PIB per capita em até 2,48 pontos percentuais por
ano até 2020”.
Os lucros do
patrão poderão aumentar, assim como o PIB poderá crescer significativamente e
quantitativamente, mas isso não necessariamente significará uma melhora das
condições de vida da população brasileira. Desenvolvimento econômico não significa
desenvolvimento social, pois o montante deste lucro (e do PIB) não
necessariamente será aplicado em políticas sociais e muito menos será
distribuído igualitariamente entre as classes sociais.
É importante também refletirmos que este “bônus demográfico” significará que teremos um “exército industrial de
reserva” muito elevado para uma provável pequena quantidade de empregos e
conseqüentemente teremos uma redução salarial e dos rendimentos da classe
trabalhadora.
Não acho correto considerar os investimentos em
educação, saúde e previdência como “gastos”, pois são investimentos. O Banco Mundial elogia
a “diminuição de gastos nestas áreas”, mas isso não é correto, pois estes
setores têm de ser mais valorizados (o investimento em educação tem de sair dos
ridículos 5% do PIB). O Banco Mundial fala que pelo envelhecimento populacional
no Brasil, até 2020, os investimentos em educação e saúde cairão drasticamente,
pois diminuirão as crianças e jovens na rede de ensino. Entretanto, este
“arrochamento” dos investimentos da educação não deveria ser feito neste
momento, mas num futuro distante.
Para o Banco Mundial,
os gastos sociais devem diminuir e não se deve reduzir os gastos de pagamento
do “superávit primário” ou para o capital especulativo.
Este "bônus demográfico" aumentará a quantidade de pessoas
aptas a trabalhar no mercado de trabalho, sendo um aumento quantitativo da
força de trabalho. Marx e Engels chamam este fenômeno de "exército
industrial de reserva", pois o aumento da força de trabalho não crescerá
proporcionalmente com o aumento de número de empregos. As conseqüências imediatas
disto serão: rebaixamentos salariais, aumento do lucro da burguesia, aumento do
PIB brasileiro, pobreza da classe trabalhadora, problemas sociais e um fluxo
migratório de brasileiros para outros países.
Se este "bônus demográfico" significasse um aumento de
investimentos nas áreas sociais, tal como educação, poderia ser muito bom, mas
infelizmente verificamos uma diminuição nos investimentos nestas áreas (o
próprio Banco Mundial elogia esta diminuição de investimentos, chamados de
"gastos"). A tendência é o "não aumento no investimento na área
social" e a continuidade nos investimentos na área do capital
especulativo.
Eu, como educador,
cidadão brasileiro e sonhador de uma sociedade justa e igualitária, lutarei
para questionar o modelo neoliberal da sociedade, além de reivindicar “mais
investimentos nas áreas sociais” em contrapartida aos “gastos para o capital
especulativo”. "Desenvolvimento econômico
não significa desenvolvimento social". Como educador, continuarei lutando pela ciência geográfica e
pela aprendizagem significativa e crítica dos alunos no processo de
ensino-aprendizagem.
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