repasso texto que eu fiz.
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As novas tecnologias
são importantes para a organização e acesso do conhecimento, sendo essencial
que ocorra uma inclusão digital das pessoas, pois conhecimento é poder.
Como educadores, cabe
ao professor conscientizar os alunos sobre algumas reflexões, como a de que a
“inclusão digital” não significa “emancipação social” ou “fim das contrações
sociais da sociedade capitalista”, etc. Também compreendo que “conceber que
todos são iguais” cria-se uma desigualdade, porque as pessoas não são iguais a
priori. Concordo que se deva defender a tolerância e a alteridade, mas isto não
significa que se conceba a realidade dialogicamente “pactualizada” e em
harmonia. A noção de “cidadania em dimensão mundial” é equivocada porque
cidadania vai além de deveres, devendo se levar em conta os direitos.
As tecnologias
ligadas à informação podem ser uma grande ferramenta para a democratização do
ensino, o problema está no acesso a essa informação, ou a tecnologias
(internet) que levem o aluno a uma forma de aprendizado diferenciada.
Na internet está à
informação, não necessariamente o conhecimento, este para que se tenha em sua
plenitude, é importante a figura do professor para argumentar, debater idéias,
sugerir outras pesquisas, enfim, fazer com que o aluno tenha um visão ampla
do pesquisado.
Nos professores de
geografia devemos usar esses novos meios tecnológicos para facilitar o processo
de ensino aprendizagem, sempre levando em consideração que o aluno é um fruto
desta sociedade, e esta se transforma a todo instante, cabendo assim a escola e
o professor acompanhar estas mudanças.
A revolução
tecnológica cria um “novo tipo de desigualdade ou exclusão, ligada ao uso das
tecnologias de comunicação que hoje mediam o acesso ao conhecimento e aos bens
culturais”. Por mais que se diga que são indesejáveis tanto a exclusão pela
falta de acesso a bens materiais quanto a exclusão pela falta de acesso ao
conhecimento e aos bens culturais, percebemos uma tentativa de se excluir a
“luta de classes”, jogando a emancipação das classes somente pelo simples
consumo e por ter acesso à recursos tecnológicos.
Esta valorização do
consumo e esta “pseudo-emancipação social” são idéias presentes da filosofia
neoliberal na sociedade. Segundo GENTILI (GENTILI, Pablo. Neoliberalismo
e educação: manual do usuário. Retirado do site http://firgoa.usc.es/drupal/node/3036, s/d), o neoliberalismo
transfere os direitos básicos (como a educação) para esfera do mercado e da
meritocracia, ressignificando a noção de cidadania (que não é mais um contrato
social que fala em direitos e deveres):
“Ao criticar enfaticamente a interferência política na esfera social,
econômica e cultural, o neoliberalismo questionar a própria noção de direito e
a concepção de igualdade que serve (ao menos teoricamente) como fundamento
filosófico da existência de uma esfera de direitos sociais nas sociedades
democráticas. Tal questionamento supõe, na perspectiva neoliberal, aceitar que
uma sociedade pode ser democrática sem a existência de mecanismos e critérios
que promovem uma progressiva igualdade e que se concretizam na existência de um
conjunto inalienável de direitos sociais e de uma série de instituições
públicas nas quais tais direitos se materializam”.
“(...) reconceitualiza a noção de cidadania, através de uma revalorização
da ação do indivíduo enquanto proprietário,
enquanto indivíduo que luta para conquistar (comprar)
propriedades-mercadorias diversa índole, sendo a educação uma delas. O modelo
de homem neoliberal é o cidadão privatizado o entrepreneur, o consumidor”.
Esta nova concepção
de cidadania valoriza o empreendedorismo, a competitividade, o consumismo e o
individualismo nas pessoas, partindo do pressuposto que todos possuem iguais
condições. Os neoliberais fizeram uma ressignificação conservadora e a-crítica
do conceito de “Eqüidade”, pois este leva em conta a noção de justiça e de
igualdade, mas era pra ser uma igualdade de resultados e não uma igualdade de
oportunidades (que os neoliberais preconizam). Neste sentido, LIMA &
RODRÍGUEZ (2008, p.66) afirmam:
“Dentro desta
perspectiva considera-se que, uma vez que os homens são livres, gozam de
igualdade perante a lei e têm direito a propriedade, tendem a buscar a
felicidade ou o bem-estar, traduzido em consumismo. O sucesso de cada um
depende da sorte e de suas aptidões naturais, logo não está condicionado ao
sistema econômico adotado”.
Esta ressignificação
da noção de eqüidade do neoliberalismo serve para justificar as desigualdades
da sociedade capitalista, buscando tratar “igual os desiguais”. LIMA &
RODRÍGUEZ (LIMA, Silvia Peixoto de & RODRÍGUEZ, Margarita Victoria. Políticas
Educacionais e Eqüidade: Revendo Conceitos. In Revista Contrapontos, vol. 8, nº 1
(2008), Itajaí: Editora UNIVALI, 2008,
p.60) dizem que “a desigualdade dos homens é o pressuposto fundamental da
concepção neoliberal”, sendo esta “(...) uma necessidade social, já que permite
o equilíbrio e a complementação de funções”.
Nestes dois trechos
de relatórios do BANCO MUNDIAL (BANCO
MUNDIAL. Relatório sobre o desenvolvimento mundial 2006, 2006-a. Disponível em: http//bancomundial.org.
br,
p.15 e 2006-b, s/n), podemos verificar a distinção feita entre igualdade e
eqüidade:
“(...) embora campos de
atuação mais equilibrados possam produzir menor desigualdade de desempenho
educacional, condições de saúde e renda, o objetivo da política não é a
igualdade de resultados finais”.
“A eqüidade não
significa a igualdade de renda ou de situação de saúde ou qualquer outro efeito
específico. Pelo contrário, é à busca de uma situação em que as oportunidades
sejam iguais, ou seja, em que o esforço pessoal, as preferências e a iniciativa
– e não as origens familiares, casta, raça ou gênero – sejam responsáveis pelas
diferenças entre realizações econômicas das pessoas”.
O BANCO MUNDIAL
(BANCO MUNDIAL. A
eqüidade aumenta a capacidade de reduzir a pobreza: relatório sobre o
desenvolvimento mundial 2006.
Release para a imprensa, 2006-b.
Disponível em: http//bancomundial.org.br, p.16 e p.15) acha errado a igualdade
de resultado e defende a igualdade oportunidades para a manutenção da ordem
social:
“Do ponto de vista da
eqüidade, a distribuição de oportunidades é mais importante que a distribuição
de resultados”.
“(...) mesmo com uma
igualdade de oportunidades genuína, sempre são esperadas algumas diferenças de
resultado devido a diferentes preferências, talentos, esforço e sorte. Isso
está de acordo com o importante papel desempenhado pelas diferenças de renda no
fornecimento de incentivos para investir em educação e capital físico, para
trabalhar e assumir risco”.
LIMA & RODRÍGUEZ
(2008, p.65-66) diz que o Banco Mundial possui estas concepções de eqüidade
para a manutenção da ordem social capitalista:
“(...) quando os
organismos multilaterais nas sociedades capitalistas de modelo neoliberal, em
especial o Banco Mundial, falam de eqüidade na formulação das políticas
educacionais, o fazem na perspectiva de oferecer “oportunidade iguais às
pessoas de baixa renda, aumentando sua contribuição econômica para a respectiva
sociedade, reduzindo a própria pobreza” (Banco Mundial, 2006-b). Ou seja, o
Banco não fomenta políticas que promovam a eqüidade no sentido de buscar igualdade
social (tratar de forma desigual os desiguais). O Banco presta assessoria para
que os governos trabalhem com a categoria de eqüidade no sentido de tratar de
forma igual os desiguais, buscando diminuir as diferenças sociais e
possibilitando aos pobres a melhoraria da sua condição financeira para ter
acesso a bens e serviços nas sociedades capitalistas. Desta forma realimentam o
sistema e mantêm a (des) ordem estabelecida”.
Compreendo que
somente se chegará à eqüidade com “tratamento desigual dos desiguais”, mas,
principalmente, com igualdade social, a extinção das classes sociais e a
distribuição de riquezas, ou seja, com uma mudança do Modo de Produção.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BANCO MUNDIAL. Relatório sobre o
desenvolvimento mundial 2006, 2006-a.
Disponível em: http//bancomundial.org. br
________________. A eqüidade
aumenta a capacidade de reduzir a pobreza: relatório sobre o desenvolvimento
mundial 2006. Release para a imprensa, 2006-b. Disponível em: http//bancomundial.org.br
LIMA, Silvia Peixoto de &
RODRÍGUEZ, Margarita Victoria. Políticas Educacionais e Eqüidade: Revendo
Conceitos. In Revista Contrapontos, vol. 8, nº 1
(2008), Itajaí: Editora UNIVALI, 2008.
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