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As tecnologias sempre estiveram presentes na vida das sociedades, podendo ser desde uma ponta de lança à um moderno computador. No entanto, as tecnologias estão mais presentes no atual período da Globalização, com o desenvolvimento da Sociedade Capitalista.
A tecnologia se desenvolveu por causa da sociedade Capitalista e o Capitalismo
necessita dela para poder existir. As tecnologias facilitam a produção,
ajudando nos fluxos econômicos, diminuindo as distâncias e o tempo.
Compreender os sistemas técnicos são essenciais para compreensão do fenômeno de
globalização e a sociedade capitalista atual. Os sistemas técnicos se organizam
em na geografia dos lugares, ou seja, em meios técnicos. Atualmente, o Espaço
Geográfico se organiza no Meio “Técnico-Científico-Informacional”.
MILTON SANTOS
(2002 e 2005) definirá o "meio natural" (ou pré-técnico), o
"meio técnico" e o "meio técnico-científico-informacional".
No "meio natural" a natureza é mais determinante que a sociedade,
presente em sociedades primitivas e tradicionais. SANTOS (2005, p.144) diz que
neste período temos uma socialização da natureza:
"(...) As transformações impostas às coisas
naturais já eram técnicas, entre as quais a domesticação das plantas e animais
aparece como um momento marcante, o homem mudando a Natureza, impondo-lhe leis.
A isso também se chama técnica. Mas estamos aqui reservando a apelação período
técnico à fase posterior à invenção e ao uso das máquinas, já que estas, unidas
ao solo, dão uma toda nova dimensão à respectiva geografia".
O
"meio técnico" foi formado pelas grandes concentrações humanas e
pelas infra-estruturas de circulação construída pelas sociedades, ou seja, a
urbanização é ocasionada pelo advindo da industrialização e o capitalismo, que
vai criar o "meio técnico". SANTOS (2005, p.145) diz que há um
enfrentamento maior da “natureza natural e humanizada”, onde “os tempos sociais tendem a se
superpor e contrapor aos tempos
naturais”, sendo que este: “período técnico vê a emergência dos objetos técnicos e do espaço
mecanizado. Os objetos que formam o meio não são, apenas, objetos culturais;
eles são culturais e técnicos, ao mesmo tempo”.
O
"meio técnico-científico-informacional" é dominado pelas redes de
alta tecnologia que pelas quais circulam bens materiais e imateriais (tais como
informações e idéias). SANTOS (2005, p.146):
"O terceiro período começa praticamente após a segunda guerra mundial e,
sua afirmação, incluindo os países de terceiro mundo, vai realmente se dar nos
anos 1970. (...) interação, nos dois sentidos, da ciência e da técnica, a tal
ponto que certos autores preferem falar de tecnociência para realçar a
inseparabilidade atual dos dois conceitos e das duas práticas.
Essa união entre ciência e técnica e entre técnica e ciência, vai se dar
sob a égide do mercado. E o mercado, graças exatamente à ciência e à técnica,
torna-se um mercado global. Neste caso, a idéia de ciência, a idéia de
tecnologia e a idéia de mercado global devem aparecer conjuntamente, oferecendo
uma nova interpretação ao tempo presente, já que as mudanças que ocorrem na
natureza também se subordinam a esta lógica".
O
capitalismo necessita se globalizar ou se mundializar para que extraia
mais-valia nos mais diferentes locais do mundo, ou seja, é uma globalização do
processo de produção. As grandes empresas não precisam de um território como um
todo, pois elas trabalham com pontos particulares que são alavancas da
realização da sua riqueza. SANTOS (1985) diz que:
"O mais pequeno lugar, na mais distante fração
do território tem, hoje, relações diretas ou indiretas com outros lugares de
onde lhe vêm matérias-prima, capital, mão de obra, recursos diversos e ordens (...)
em nossos dias, o espaço é apropriado, ou ao menos, comandado, segundo leis
mundiais".
Estudar e
compreender o lugar significa entender o que acontece no espaço onde se vive,
pois muitas vezes as explicações podem estar fora, sendo necessário,
muitas vezes, buscarmos motivos tanto internos como externos para se
compreender o que acontece em cada lugar. O "meio
técnico-científico-informacional" é uma criação da sociedade capitalista,
sendo decisivo para a otimização da realização do capital. O capitalismo tem
uma dimensão social (na cultura, relações trabalhistas, etc) e tem uma dimensão
espacial-territorial. A sociedade capitalista está globalizando a sua produção
e criou o "meio técnico-científico-informacional" para a sua própria
existência.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
SANTOS, Milton. Espaço e Dominação. In:
Seleção de Textos Nº 4 da AGB-SP, Junho de 1978, São Paulo: AGB-SP, 1978.
_____________. Por Uma Geografia
Nova, São Paulo: Hucitec, 1978.
_____________. Espaço
e método. São Paulo: Nobel, 1985.
_____________. A Natureza do Espaço: espaço
e tempo, razão e emoção.
São Paulo: EDUSP, 2002.
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