repasso texto que eu fiz.
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É necessário que haja uma consciência
do conceito de região. Douglas SANTOS (em “Referenciais
Curriculares da Fundação Bradesco. São Paulo: Fundação Bradesco, s/d”,
p.11) articula as categorias geográficas da seguinte maneira:
Quando nos defrontamos com a aparência (paisagem) e
procuramos identificar o significado da ordenação observada (território) para,
finalmente, reconhecermos os diferentes aspectos que constituem aquela
realidade (região) não estamos fazendo nada mais que identificar o significado
dos fenômenos, tendo como referência a dimensão espacial que eles possuem.
Portanto território seria a ordenação
da paisagem, aquilo que teria fronteira. Região seria a tematização da
realidade, as diversas formas com que se pode representar o território.
Para Elvio RODRIGUES & Sonia
CASTELLAR (em “Geografia (Unidade 1 - A divisão regional que conhecemos: suas
implicações). São Paulo:
SEESP-FAFE-USP-CENP, s/d.”, p.14), na região os elementos que compõem a
realidade “têm aproximadamente as mesmas características, possuem realidades
semelhantes e nisto justificando seu agrupamento”. Compreender este conceito
pode ser feito pela compreensão da origem da palavra região, que vem do latim regere,
que significaria dominar e reger.
Paulo César da Costa GOMES (em “O
Conceito de Região e sua Discussão.
In: CASTRO,I.E. et al. (Orgs.). Geografia:
conceitos e temas. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1995”) diz que o conceito de região surge
como uma herança da geologia do século
XIX, com forte linha Determinista, onde a influência da Região Natural é
decisiva na configuração da sociedade. O Possibilismo tira o foco do meio ambiente nas determinações do conceito
de região e centrará na sociedade, onde elas “são fruto do trabalho humano em um determinado
ambiente ou lugar”. Região seria a síntese de elementos humanos, físicos e
bióticos. As regiões seriam formas da civilização ou “gêneros de vida”,
refletindo o modo de vida das sociedades (e conseqüentemente o modo de
produção). Os possibilistas dizem que a “região garantiria um objeto próprio para a Geografia”.
Seguindo na
análise de GOMES (1995), as críticas às concepções regionalistas advindas do
possibilismo ocorrerão em 3 momentos: na década de 1950/60 (no conceito de
“Análise Regional”, que “critica o caráter
extremamente descritivo sem
estabelecer relações, análises e correlações dos fatos”, dizendo que a “região
é uma técnica da Geografia para a demonstração
de uma hipótese e não mais um produto final de uma pesquisa” e que “as
regiões são um meio e não mais
um produto”), na “crítica marxista” (que coloca a noção de modo de produção
como determinante nas relações sociais e na configuração espacial, neste
sentido surge o conceito de “divisão
sócio-espacial do trabalho”[1])
e no Humanismo francês (colocando a “região
como um quadro de referencias fundamental
na sociedade”, surgindo “os conceitos de consciência regional, sentimento de pertencimento, mentalidade
regional, espaço vivido”).
Portanto,
região é um conceito determinado socialmente, tanto historicamente (ocorrendo
em diferentes épocas), quanto geograficamente (ocorrendo em diferentes
lugares). Percebemos então, diferentes formas de conceber esta categoria tão
importante para a Ciência Geográfica e diferentes concepções deste elemento tão
substancioso da realidade. Vamos verificar a seguir uma reflexão sobre as
“leituras regionais da realidade”, pegando o caso do Brasil.
[1] Oliveira (1977) é adepto deste
paradigma marxista, “se fundamentando na especificidade da reprodução do
capital, nas formas que o processo de acumulação assumirá”.
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