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sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Sobre o Conceito de Região

repasso texto que eu fiz.
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É necessário que haja uma consciência do conceito de região. Douglas SANTOS (em “Referenciais Curriculares da Fundação Bradesco. São Paulo: Fundação Bradesco, s/d”, p.11) articula as categorias geográficas da seguinte maneira:
Quando nos defrontamos com a aparência (paisagem) e procuramos identificar o significado da ordenação observada (território) para, finalmente, reconhecermos os diferentes aspectos que constituem aquela realidade (região) não estamos fazendo nada mais que identificar o significado dos fenômenos, tendo como referência a dimensão espacial que eles possuem.
Portanto território seria a ordenação da paisagem, aquilo que teria fronteira. Região seria a tematização da realidade, as diversas formas com que se pode representar o território.
Para Elvio RODRIGUES & Sonia CASTELLAR (em “Geografia (Unidade 1 - A divisão regional que conhecemos: suas implicações). São Paulo: SEESP-FAFE-USP-CENP, s/d.”, p.14), na região os elementos que compõem a realidade “têm aproximadamente as mesmas características, possuem realidades semelhantes e nisto justificando seu agrupamento”. Compreender este conceito pode ser feito pela compreensão da origem da palavra região, que vem do latim regere, que significaria dominar e reger.
Paulo César da Costa GOMES (em “O Conceito de Região e sua Discussão. In: CASTRO,I.E. et al. (Orgs.). Geografia: conceitos e temas. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1995”) diz que o conceito de região surge como uma herança da geologia do século XIX, com forte linha Determinista, onde a influência da Região Natural é decisiva na configuração da sociedade. O Possibilismo tira o foco do meio ambiente nas determinações do conceito de região e centrará na sociedade, onde elas “são fruto do trabalho humano em um determinado ambiente ou lugar”. Região seria a síntese de elementos humanos, físicos e bióticos. As regiões seriam formas da civilização ou “gêneros de vida”, refletindo o modo de vida das sociedades (e conseqüentemente o modo de produção). Os possibilistas dizem que a “região garantiria um objeto próprio para a Geografia”.
Seguindo na análise de GOMES (1995), as críticas às concepções regionalistas advindas do possibilismo ocorrerão em 3 momentos: na década de 1950/60 (no conceito de “Análise Regional”, que “critica o caráter extremamente descritivo sem estabelecer relações, análises e correlações dos fatos”, dizendo que a “região é uma técnica da Geografia para a demonstração de uma hipótese e não mais um produto final de uma pesquisa” e que “as regiões são um meio e não mais um produto”), na “crítica marxista” (que coloca a noção de modo de produção como determinante nas relações sociais e na configuração espacial, neste sentido surge o conceito de “divisão sócio-espacial do trabalho”[1]) e no Humanismo francês (colocando a “região como um quadro de referencias fundamental na sociedade”, surgindo “os conceitos de consciência regional, sentimento de pertencimento, mentalidade regional, espaço vivido”).
Portanto, região é um conceito determinado socialmente, tanto historicamente (ocorrendo em diferentes épocas), quanto geograficamente (ocorrendo em diferentes lugares). Percebemos então, diferentes formas de conceber esta categoria tão importante para a Ciência Geográfica e diferentes concepções deste elemento tão substancioso da realidade. Vamos verificar a seguir uma reflexão sobre as “leituras regionais da realidade”, pegando o caso do Brasil.


[1] Oliveira (1977) é adepto deste paradigma marxista, “se fundamentando na especificidade da reprodução do capital, nas formas que o processo de acumulação assumirá”.

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