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quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

TRECHO TEXTO KARL MARX - RELIGIÃO É O ÓPIO DO POVO


O texto do Marx chamado: "Contribuição à Crítica a Filosofia de Hegel". Encontrado no livro "Manuscritos Econômicos-Filosóficos".
Vou transcrever o famoso trecho, na sua Introdução:

"(...) O homem, que na realidade fantástica do céu, onde procura um ser sobre-humano, encontrou apenas o seu próprio reflexo, já não será tentado a encontrar a aparência de si mesmo - um ser não humano - onde procura e deve buscar a sua autêntica realidade.
 É este o fundamento da crítica irreligiosa: o homem faz a religião; a religião não faz o homem. E a religião é de facto a autoconsciência e o sentimento de si do homem, que ou não se encontrou ainda ou voltou a perder-se. Mas o homem não é um ser abstrato, acocorado fora do mundo. O homem é o mundo do homem, o Estado, a sociedade. Este Estado e esta sociedade produzem a religião, uma consciência invertida do mundo, porque eles são um mundo invertido. A religião é a teoria geral deste mundo, o seu resumo enciclopédico, a sua lógica em forma popular, o seu point d' honneur espiritualista, o seu entusiasmo, a sua sanção moral, o seu complemento solene, a sua base geral de consolação e de sua justificação. É a realização fantástica da essência humana, porque a essência humana não possui verdadeira realidade. Por conseguinte, a luta contra a religião é indirectamente a luta contra aquele mundo cujo aroma espiritual é a religião.
 A miséria religiosa constitui ao mesmo tempo a expressão da miséria real e o protesto contra a miséria real. A religião é o suspiro da criatura oprimida, o íntimo de um mundo sem coração e a alma de situações sem alma. É o ópio do povo.
 A abolição da religião enquanto felicidade ilusória dos homens é exigência da sua felicidade real. O apelo para que abandonem as ilusões a respeito de sua situação é o apelo para abandonarem uma condição que precisa de ilusões. A crítica da religião é, pois, em germe a crítica do vale das lágrimas de que a religião é a auréola.
 A crítica colheu nas cadeias as flores imaginárias, não para que o homem suporte as cadeias sem capricho ou consolação, mas para que lance fora das cadeias e colha a flor viva. A crítica da religião liberta o homem da ilusão, de modo que pense, actue e configure a sua realidade como homem que perdeu as ilusões e reconquistou a razão, a fim de que ele gire em torno de si mesmo e, assim, à volta do seu verdadeiro sol. A religião é apenas o sol ilusório que gira à volta do homem enquanto ele não circula em torno de si próprio.
 Conseqüentemente a tarefa da história, depois que o outro mundo da verdade se desvaneceu, é estabelecer a verdade deste mundo. A imediata tarefa da filosofia, que está ao serviço da história, é desmascarar a auto-alienação humana nas suas formas não sagradas, agora que ela foi desmascarada na sua forma sagrada. A crítica do céu transforma-se deste modo em crítica da terra, a crítica da religião em crítica do direito, e a crítica da teologia em crítica da política.
(...)"

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